quinta-feira, 30 de junho de 2011

Filha de Che diz temer reformas em Cuba


Aleida Guevara nega que regime mantenha presos políticos e diz não respeitar as "damas de branco" oposicionistas Médica afirma que as mudanças econômicas em curso na ilha podem modificar a consciência social da população

Ela se declara apenas uma militante da base do Partido Comunista Cubano, mas carrega o sobrenome de um mito da esquerda. Aos 50 anos, a pediatra Aleida Guevara se ocupa em cuidar da memória do pai e faz uma defesa inflamada do modelo da ilha.
Nesta entrevista, ela expressa seu temor de que as reformas em curso na ilha -que permitiram a venda de imóveis e carros- afetem a consciência social da população. No Brasil para dar palestras, ela fala de política e da herança de Che Guevara.

Folha - Como vão as coisas em Cuba?
Aleida Guevara - Buscamos solucionar problemas. O Estado não pode seguir sustentando quem trabalha sem produzir. Quando perdemos o campo socialista europeu, Cuba sofreu uma crise brutal, e o Estado amparou todos por todo esse tempo. A situação da economia interna melhorou -logo, há possibilidades para que essas pessoas trabalhem independentemente.

Foi aberta a possibilidade da propriedade privada de imóveis e carros.
Digamos que não é propriedade privada. Se eu tivesse pago por um carro, era meu, mas eu não podia vendê-lo. Agora posso, legalmente.

Não acha que isso conflita com o princípio socialista?
Não. O Estado segue sendo socialista porque não há privatização nos grandes meios de produção. Nisso não se tocou e não se vai tocar. O povo cubano segue sendo dono de tudo o que se produz no país.
A questão não está em vender a tua casa ou o teu carro, o que é bom que possamos fazer livremente. A questão está em que agora há trabalhadores por conta própria. Esses vão buscar seu benefício pessoal. Meu temor pessoal como cidadã -não tenho nada a ver com a direção do governo cubano; sou uma médica- é que as pessoas que comecem a trabalhar para si mesmas percam um pouco a consciência social. O homem pensa segundo vive. Se você só vive interessado em melhorar sua casa, a vestimenta, em ter dinheiro no bolso, esquece que a escola infantil da esquina, dos seus filhos, precisa de uma mão de pintura.

Como a sra. responde à afirmação de que Cuba é uma ditadura?
É total falta de conhecimento da realidade cubana. Temos eleições populares, muito mais democráticas que as de qualquer outro país. O povo elege diretamente seus candidatos, desde a base.

Mas o partido é único.
O partido não tem nada que ver com as eleições. O partido é o dirigente. As eleições são de baixo, do povo.

Não há problema de renovação de lideranças?
O povo cubano conhece a sua gente. Querem que sigam dirigindo. Se fizeram bem até agora, por que mudar? Estamos seguros com Raúl.

Como justificar a oposição, os presos políticos?
Presos políticos são presos por ideias. Em Cuba, não existem. Há presos por ações contra o povo, como pôr veneno na água de uma escola, tentar incendiar a telefonia. É terrorismo. Há mercenários pagos por EUA e europeus por passar ao FBI informações que prejudicam o país.

E as damas de branco?
São uma vergonha para mim como mulher. O que pedem? Que se deixem livres assassinos, terroristas, pessoas que atacaram a economia de seu próprio povo, mercenários que se venderam aos interesses de EUA e Europa?
Por que não valorizam a sociedade que cuida da pessoa desde que nasce até o fim da vida? Onde a educação é gratuita, não importa se és dama de branco, preto ou verde? Não posso respeitá-las.

Há democracia em Cuba?
A democracia é o poder do povo. E um Estado de direitos para todos os cidadãos. Isso em Cuba existe. O que o povo diz é o que se faz. O povo tem sempre a última palavra.

O embargo não mudou com Obama?
O bloqueio. Os EUA têm o direito de embargar suas relações com Cuba. Não protestamos contra isso. Protestamos quando os EUA têm o propósito de que nenhum outro país comercialize livremente com Cuba. Isso é o bloqueio.
Acreditávamos que Obama teria outras perspectivas, mas nos equivocamos. Ele responde aos interesses da grande indústria. Prometeu que fecharia a base de Guantánamo e isso não ocorreu até agora. Seguem tendo presos ilegais em nosso território. Essa base é roubada de Cuba.

Há quem diga que a Primavera Árabe pode chegar a Cuba. A sra. teme isso?
É muito diferente. A Revolução Cubana é de base, do povo. No mundo árabe, não houve revoluções desde as bases. Hoje, há muita manipulação de grupos incomodados por falta de poder.

Como é lidar com o mito Che?
Mito, não. Quando se fala de Cristo, ele é muito distante do ser humano, não se sabe se existiu ou não. Che não pode se converter em um mito. Era um homem como qualquer um de nós. Isso é o que o faz bonito, completo: sendo humano, com todos os problemas e deficiências, soube ser um ser humano melhor. O que queremos é seguir esse exemplo de vida, de ação, de honestidade, de integridade.

A sra. quase não conviveu com ele.
Tinha quatro anos e meio quando ele partiu para o Congo. Lembro dos últimos momentos antes da viagem. Meu irmão Ernesto tinha só um mês. Tenho uma imagem de minha mãe, com meu irmão apoiado em seu ombro. Eu estou embaixo, olhando a cena. Meu pai está vestido como militar e tocando com uma mão muito grande a cabecinha do bebê.
Essa imagem sempre me ficou na retina. Sou mãe e me ponho a pensar naquele momento, quem sabe de despedida. Quanta preocupação ele poderia estar tendo com esse bebê, se quando crescer ele iria entender por que ele não estava. [Chora, tentando conter as lágrimas.]
E esse momento me faz pensar em meu pai com muito amor, com muita força. Era um homem capaz de amar com tanta ternura e, ao mesmo tempo, de seguir seu caminho, de saber que era mais útil noutro lugar. É o melhor exemplo de um verdadeiro homem e verdadeiro comunista: oferecer o melhor da sua vida apesar de si mesmo.
Depois, houve outro momento quando ele regressou do Congo, já disfarçado. Não sabia que era papai. Nessa noite eu caí, bati forte a cabeça. Ele me tomou nos seus braços, me protegeu. No fim, eu disse alto: mamãe, acho que esse homem está apaixonado por mim.
Deve ter sido muito duro para ele -não pôde me explicar porque me queria de maneira especial. Mas para mim foi ótimo. Quando soube que era meu pai, senti que me amava de uma maneira muito especial, e isso é bonito para qualquer filho.

Esse momento do disfarce está no filme de Steven Soderbergh. A sra. gostou do filme?
Não, porque não se vê meu pai como formador de homens. O filme de Walter Salles [Diários de Motocicleta] é muito melhor, mais real.

Como avalia a manutenção da memória sobre o seu pai?
Muitas coisas faltam. Uma das mais importantes é que não há publicações suficientes para os jovens. Fazê-las é um dos objetivos do Centro de Estudos Che Guevara.

frases

"Meu temor pessoal como cidadã -não tenho nada a ver com a direção do governo cubano; sou uma médica- é que as pessoas que comecem a trabalhar para si mesmas percam um pouco a consciência social."

ALEIDA GUEVARA
sobre as recentes reformas cubanas

"Presos políticos são presos por ideias. Em Cuba, não existem. Há presos por ações contra o povo, como pôr veneno na água de escola infantil. Isso é terrorismo. Há mercenários pagos por EUA e Europa"

ALEIDA GUEVARA
negando a existência de presos políticos na ilha

RAIO-X ALEIDA GUEVARA

Nome
Aleida Guevara March

Data de nascimento
24 de novembro de 1960

Carreira
Médica pediatra; autora de livro sobre Hugo Chávez

Família
Mais velha dos quatro filhos do líder cubano Ernesto Che Guevara (1928-67) com sua segunda mulher, Aleida March

Fonte:Folha de São Paulo 30 de junho de 2011

EUA: A classe trabalhadora contra a classe média – Solidariedade ou competição no enfrentamento da crise?


por James Petras

"Creio que não percebe quão difícil é para os oprimidos tornarem-se unidos. A sua miséria une-os (...) Mas por outro lado a sua miséria é capaz de separá-los uns dos outros, pois são forçados a arrancar as pobres migalhas das bocas uns dos outros".
Bertolt Brecht, Collected Plays Vol. 9 (Pantheon Books New York 1972) p. 379

Há dois factos incontestáveis acerca dos Estados Unidos: a economia e a classe trabalhadora experimentam uma crise económica prolongada a qual perdura há mais de três anos e não mostra sinais de acabar; não houve grande revolta, resistência em massa nacional ou mesmo protestos em grande escala com quaisquer consequências. Poucos escritores tentaram abordar este paradoxo aparente e aqueles que o fizeram deram respostas parciais as quais de facto levantam mais questões do que respondem.

Linha de investigação

No essencial, a maior parte dos que escrevem enfatizam um dos dois lados do "paradoxo". Os analistas da "crise" focam a extensão, duração e natureza duradoura da ruptura económica, descrevendo seu duro impacto sobre a classe trabalhadora e a média em termos de perdas de emprego, benefícios, salários, hipotecas, etc. Outros, principalmente na esquerda progressista, enfatizam os protestos locais, respostas críticas em inquéritos de opinião, queixas ocasionais de burocratas sindicais e as esperanças e sermões de académicos e sabichões de que uma "revolta" está a caminho no futuro próximo.

Dentre a minoria de analistas críticos menos confiantes, há desespero ou, pelo menos, uma visão mais pessimista do "paradoxo". Eles apontam vários obstáculos psicológicos, organizacionais e políticos profundamente assentes que impedem qualquer revolta ou inquietação de massa de apossar-se do público dos Estados Unidos.

Em geral, estes críticos vêem a classe trabalhadora e média como "vítimas" do sistema, influenciada por líderes falsos, manipulação dos media, capitalismo corporativo e o sistema de dois partidos, o que os impede de perseguir os seus interesses de classe.

Neste ensaio, buscarei uma linha alternativa de análise a qual argumentará que os "inimigos externos" bloqueando a resistência da classe trabalhadora e da média são ajudados e encorajados pelo comportamento e interesse percepcionado dentro das classes. No prosseguimento desta linha de investigação, argumentarei que tanto a natureza como o âmbito da "crises" foi mal compreendido no seu impacto sobre a classe trabalhadora e a média e, em consequência, o grau de contradições internas dentro daquelas classes não tem sido adequadamente entendido.

Conceitos chave: clarificando 'crises' e o seu impacto

Crises económicas, mesmo severas, prolongadas, tal como a que afecta hoje os EUA, não têm um impacto uniforme sobre todos os sectores da classe trabalhadora e da média. O impacto desigual segmentou a classe trabalhadora e a média entre aqueles que são afectados adversamente e aqueles que não o são, ou quem é certas circunstâncias saiu beneficiado. Esta segmentação é um factor chave responsável pela falta de solidariedade de classe resultou em "contradições" dentro e entre a classe trabalhadora e a média.

Em segundo lugar o desenvolvimento da organização social – especialmente sindicalização – entre trabalhadores do sector público e privado levou os primeiros a assegurar e reter maiores benefícios sociais e aumentos e salários, ao passo que os últimos perderam terreno. Os trabalhadores do sector público valem-se de financiamento público para financiar seus "interesses corporativos" ao passo que os do sector privado são forçados a pagar impostos acrescidos, devido à legislação fiscal regressiva. O resultado é um aparente ou real conflito de interesses entre trabalhadores públicos bem organizados unidos em torno de um estreito conjunto de interesses (próprios) e a massa de trabalhadores não organizados do sector privado a qual, incapaz de aumentar seus salários através da luta de classe, posiciona-se ao lado dos "conservadores fiscais" (financiados pelo big business ) para exigir cortes entre trabalhadores do sector público.

O sectarismo político, especialmente entre democratas da classe média e trabalhadora, mina a solidariedade de classe e enfraquece a resistência social unificada. Isto é evidente em relação a questões de guerra e paz, de crise económica e de cortes em programas sociais. Quando os democratas ocupam posição [no governo], quando anunciam guerra e os gastos de guerra multiplicam-se, o grosso do movimento da paz desapareceu, protestos do trabalho contra cortes orçamentais concentram-se sobre governadores republicanos, não democratas, mesmo quando a classe trabalhadora e a média (incluindo empregados do sector público) é afectada adversamente.

Os milionários dirigentes sindicais de topo (salário médio anual de mais de US$300 mil mais benefícios) aprofundam a divisão ao dar prioridade à segurança da sua posição através de contribuições de milhões de dólares aos democratas, comprando portanto segurança quanto aos fluxos de rendimento decorrentes de pagamentos devidos. A segurança do funcionalismo, através do alinhamento com legisladores, governadores, presidentes de municipalidades e líderes executivos do Partido contribui mais uma vez para a divisão no interior da classe trabalhadora entre "funcionários seguros" e seus seguidores por um lado e o resto da classe média e da trabalhadora.

A operar com estes conceitos chave, voltaremos agora para a descrição das "condições objectivas de crise", um levantamento crítico de algumas explicações para o "paradoxo", prosseguiremos com um exame pormenorizado das "contradições internas" e concluiremos esboçando alguns pontos de partida para a resolução do paradoxo.


A crise económica é real, profunda e prolongada


Os sintomas e estruturas de uma crise económica profunda são facilmente visíveis para qualquer um, mesmo o mais obtuso apologista do governo ou economista de prestígio: os desempregados e subempregados atingiram 18 a 20 por cento. Uma em cada três famílias dos EUA é directamente afectada pela perda de emprego. Um em cada dez proprietários de casa americanos está ou atrasado nos pagamentos da hipoteca ou enfrenta o arresto. Mais da metade dos desempregados actuais (9,1 por cento) esteve sem trabalho durante pelo menos seis meses. Cortes maciços em despesas públicas e investimentos levaram ao fim de programas de saúde, educacionais e de bem-estar para dezenas de milhões de famílias de baixo rendimento, crianças, os deficientes, os pensionistas idosos. Firmas privadas eliminaram ou reduziram pagamentos de seguro de saúde, deixando mais de 50 milhões de trabalhadores americanos sem seguro de saúde e outros 30 milhões com cobertura médica inadequada. Isenções fiscais, tributação reduzida e regressiva aumentaram pagamentos de impostos sobre salário e trabalhadores assalariados, reduzindo seu rendimento líquido. Aumentos sobre pagamentos de pensões e de saúde forçaram empregados da classe média e trabalhadora a sofrerem nova redução do rendimento líquido. As despesas acrescidas para pelo menos quatro guerras (Iraque, Afeganistão, Paquistão e Líbia), preparativos para uma quinta (Irão) e apoio ao estado mais militaristas do mundo (Israel) e um altamente expandido e custoso aparelho de segurança interna (só o Homeland Security custa US$180 mil milhões) deterioram muito o ambiente, os lugares de trabalho, o espaço de lazer e os padrões de vida.


O poder político corporativo e o controle absolutamente tirânico sobre o lugar de trabalho aumentou o medo, a insegurança e o terror virtual entre empregados que enfrentam ritmos acrescidos e eliminação arbitrária de qualquer intervenção na saúde e segurança do lugar de trabalho, na programação do trabalho, nas cargas de trabalho acima e abaixo dos prazos. Empregos em serviços de baixo pagamento proliferam, empregos bem pagos são exportados do país; fábricas manufactureiras são relocalizadas no exterior; profissionais e trabalhadores imigrantes mal pagos são importados aumentando a pressão sobre os trabalhadores americanos para competir por pagamento mais baixo e menores benefícios. A "crise económica" está incorporada na estrutura profunda do capitalismo estado-unidense e não é um "fenómeno cíclico" sujeito a uma recuperação dinâmica, restaurando empregos, lares, padrões de vida e condições de trabalho perdidos.


Respostas da classe trabalhadora e da média à crise económica


A crise económica profunda, enraizada e generalizada não produziu quaisquer revoltas proporcionais, rebeliões ou mesmo um movimento nacional de protesto constante. Na melhor das hipóteses, protestos de segmentos específicos da classe trabalhadora e da média tem procurado defender estreitos interesses organizativos e económicos. O movimento de protesto dos empregados públicos em Wisconsin foram tão excepcionais na sua militância quanto ficaram isolados e limitados quanto ao seu impacto nacional. Quando governadores republicanos na Califórnia e democratas em Nova York eliminaram dezenas de milhares de milhões de dólares em salários, pensões e benefícios de saúde para centenas de milhares de empregados públicos sindicalizados, responsáveis sindicais guincharam de modo impotente do lado de fora, incapazes de organizar quaisquer protestos sérios e muito menos movimentos populares. Embora inquéritos de opinião pública registem altos níveis de preocupação individual acerca das crises económicas e insatisfação com a resposta de ambos os partidos políticos às crises isto não levou à actividade prática, nem tão pouco daí emergiu qualquer "movimento" de massa – o descontentamento permanece privado e inconsequente.


Até que milhões das classes média e trabalhadora estejam profundamente preocupados com as crises económicas em cursos não pode haver repercussões sociais ou políticas significativas passadas, presentes ou no futuro previsível.


Todas as esperanças bombásticas e "prognósticos ameaçadores" da parte de liberais e gente de esquerda, socialistas e progressistas, que escreveram e previram uma próxima "revolta da massas" estavam redondamente erradas. A crise continua e as altamente insatisfeitas classe média e trabalhadora continuam a sofrer privadamente, a resmungar seus descontentamentos isoladamente, pouco desejosas de empenhar-se em qualquer acção colectiva de massa.


Mesmo quando os mass media, mesmo quando a Internet, o Facebook e o Tweeter apresentam milhões a manifestarem-se, a golpearem e mesmo a derrubarem regimes opressivos no Médio Oriente e na África do Norte, mesmo quando nos noticiários transparecem repetidas greves gerais e ocupações de massa de praças públicas por empregados, trabalhadores e desempregados na Grécia, Espanha, Portugal, Itália e França, os trabalhadores dos Estados Unidos permanecem apáticos, indiferentes e impotentes para "aprender as lições" e "efectuar acções colectivas" mesmo quando as questões de emprego e cortes são semelhantes.


Explicações para a imobilidade social face às crises económicas


Não há falta de "reconhecimento" de que "alguma coisa está errada" quanto a isto nos Estados Unidos. Não há falta de sabichões a tentarem agarrar o paradoxo das crises económicas e da imobilidade social.


Vários assaltos explicativos estão a pairar através dos media e da Internet. Alguns escritores recorrem a explicações psicológicas para a passividade social destacando o "medo" generalizado da retaliação patronal, da repressão do estado ou uma sensação de "futilidade" e de indiferença e hostilidade a partidos políticos. Os argumentos psicológicos têm algum mérito pois apontam para algumas das causas imediatas do não envolvimento mas falham em explicar o que provoca o "medo" e a sensação de futilidade.


Em resposta, muitos críticos progressistas citam a ausência ou fraqueza de organizações sociais e apontam em particular para o declínio de organizações sindicais, que deixam 93 por cento do sector privado não organizado e os trabalhadores sindicalizados do sector público com poderes limitados de negociação. Se bem que estes críticos estejam certos ao enfatizar a relutância de dirigentes sindicais milionários em romperem novo terreno político e iniciarem novos esforços organizativos, é preciso explicar porque as não organizadas classe média e trabalhadora não lançou por si própria quaisquer novas iniciativas. Dirigentes sindicais têm um longo historial de "retornos" que remontam a pelo menos duas décadas e ainda assim aqueles que são afectados directamente e de modo adverso e aqueles que perderam seus empregos não organizaram uma rede alternativa de solidariedade.


Analistas políticos enfatizam a natureza oligárquica e restritiva do sistema eleitoral que esvazia previamente a emergência de novas iniciativas políticas. O custo de muitos milhões de dólares de concorrer a eleições, a dominância quase monopolista dos mass media pela elite dos dois partidos e o obstáculo legal de assegurar um lugar na votação desencorajam eleitores desencantados a apoiar novas iniciativas políticas. Mas a questão mais profunda é porque movimentos de massa, fora da estrutura dos partidos eleitorais, não emergiram de modo a poder finalmente desafiar a oligarquia política, o monopólio corporativo dos media e mudar os constrangimentos legais quanto à entrada efectiva na arena eleitoral. Por que em outros países ainda mais repressivos emergem movimentos de massa, enfrentando constrangimentos semelhantes quanto a acesso legal e confrontando oligarquias estabelecidas?


Se "constrangimentos externos" semelhantes àqueles encontrados nos EUA levam a respostas comportamentais divergentes, isto levanta a questão de se as diferenças dentro da classe média e da trabalhadora podem ser a fonte da passividade e da imobilidade.


Alguns poucos escritores, principalmente na esquerda, mencionam o divórcio entre intelectuais/académicos e a mobilidade declinante da classe média e trabalhadora. Nos Estados Unidos há poucos intelectuais politicamente empenhados e conferencistas políticos.


O que se passa quanto às classes educadas é que são profissionais académicos em tempo integral que pouco diferem na sua vida social e diária, pouco importando as suas filosofias ideológicas declaradas. A vasta maioria dos académicos de esquerda concebe o seu "activismo" como leitura de documentos uns para os outros em "fóruns sociais" de "esquerda", os quais pouco diferem em formato e consequências das reuniões dos profissionais da corrente dominante.


Mesmo aqueles académicos que tomam um papel político, é principalmente em relação aos multimilionários altos dirigentes sindicais e seu leal aparelho. Em consequência, os académicos progressistas acabaram com pouca penetração junto à vasta maioria de trabalhadores que estão fora dos sindicatos e cujas facções sindicais dissidentes desafiam o nexo corporativo sindicato – Partido Democrata.


Uma explicação alternativa para o "paradoxo"


Um dos problemas chave que inibe um entendimento do paradoxo é o tratamento do conceito chave – "crises". Muitos autores concebem as "crises" de um modo "holístico", presumindo que é "geral" ou "sistémica" e tem um efeito homogéneo sobre a classe média e a trabalhadora. De facto a vasta maioria, digamos três quartos, não sofreu um impacto sério com as "crises". Assumindo que os desempregados e o subempregados compreendam cerca de vinte por cento e acrescentando aqueles que sofreram grave mobilidade para baixo, ainda temos pelo menos 70 por cento cuja preocupação principal é manter sua posição "privilegiada" e desconectar-se daqueles que caíram para fora da órbita da sua classe social. Nos EUA, mais do que em qualquer outro país, as agudas diferenças internas entre empregados sub/desempregdos levaram à "competição" não à solidariedade. Na maior parte dos países do mundo, trabalhadores "desempregados" e "subempregados" podem esperar apoio, suporte activo dos trabalhadores sindicalizados; nos EUA uma vez que empregados da classe média e trabalhadores perdem o seu emprego e não podem pagar dívidas eles são abandonados. Mesmo em termos de vida social, familiar e de vizinhança, são vistos como um "custo", uma drenagem potencial dos recursos daqueles que estão empregados. O empregado vê o desempregado e mal pago como um custo para a previdência, portanto um fardo tributário acrescido ao invés de um aliado na luta para fazer com que a elite corporativa pague impostos mais altos e reduza despesas de guerra. Impostos mais altos entre trabalhadores empregados significa fuga de capital; menores despesas militares significa poucos empregos na indústria de guerra.


A segmentação dentro da classe média e trabalhadora opera a muitos níveis. O mais gritante é entre a escala de pagamento de dirigentes sindicais de topo que ganham mais de US$ 300 mil mais benefícios e os desempregados/subempregados que vivem com menos de US$ 30 mil. Estas diferenças económicas são exibidas política e socialmente. O aparelho sindical compra "segurança de emprego" ao contribuir com dezenas de milhões principalmente para os democratas, para assegurar que os sindicatos mantêm a sua legalidade formal e direitos de negociação colectiva. Por outras palavras, os sindicatos dos "organizados", 12% da força de trabalho, são "prisioneiros forçados" do estado "infestado de crises", as quais excluem quaisquer novas iniciativas sócio-políticas que reflectiriam as exigências e os interesses dos sub/desempregados e trabalhadores não sindicalizados com baixa remuneração.


A classe média e a trabalhadora sofrem o impacto das crises de modo diferente: aqueles com empregos e ligações ao Partido Democrata colocam as suas lealdades partidárias acima de qualquer noção de solidariedade de classe. Os que têm emprego não apoiam os desempregados – vêem-nos como competidores numa fatia de rendimento que se contrai.


Se examinarmos estes dois grupos em pormenores descobriremos que os mal pagos e ou sub/desempregados tendem a ser jovens com menos de 30 anos, negros, hispânicos e pais/mães solteiros; os empregados mais bem pagos da classe média e da trabalhadora tendem a ser mais velhos, brancos educados e de procedência anglófona ou judaica. As divisões geracionais, raciais, étnicas desempenham um papel muito maior nos EUA do que em qualquer outra parte, devido ao apagamento da identidade de classe e de perspectivas, as quais diluíram qualquer noção de solidariedade de classe.


A segmentação da classe média e trabalhadora é aprofundada nos EUA pelo facto de que aqueles com emprego estável em muitos casos beneficiam das consequências adversas que afectam a mobilidade descendente (desemprego) dos empregados e trabalhadores.


Os arrestos hipotecários afectam mais de 10 milhões de famílias americanas incapazes de cumprirem seus pagamentos. Bancos ansiosos por recuperar alguma parte dos seus empréstimos, põem à venda casas a preços drasticamente reduzidos. Empregados da classe média e trabalhadora ficam exultantes em comprar casas, mesmo quando membros da sua classe são expulsos para a rua ou para reboques de campismo. Não há movimento para impedir ou protestar contra os despejos por parte de vizinhos, colegas de trabalho e/ou parentes; ao invés disso são feitas investigações discretas acerca da data do leilão.


Trabalhadores mais bem pagos procuram obter bens de consumo mais baratos em super-lojas que empregam trabalhadores de salário mínimo. Os "interesses" dos trabalhadores são definidos pelos interesses imediatos do consumidor individual e não em termos da melhoria de interesses estratégicos resultando do poder social e político potencial de uma classe organizada.


Proprietários de casa da classe média e trabalhadora vêem-se como "contribuintes" aliados a magnatas corporativos e imobiliários no combate pela redução de impostos através de cortes na previdência e serviços sociais para a classe trabalhadora de baixa remuneração e os desempregados. O crescimento da revolta da classe superior e médica contra o estado previdência é com efeito uma guerra de um segmento da classe contra outro. Claramente um segmento combate para apanhar as migalhas da boca do outro segmento.


Mesmo entre a classe trabalhadora organizada há segmentação. Bolsões de trabalhadores sindicalizados do sector público mais bem pagos asseguram aumentos de pagamentos, pensões e planos de saúde através de luta colectiva, ignorando os interesses, pedidos e necessidades do mar de trabalhadores não sindicalizados, os quais estão em processo de mobilidade descendente ao pagarem impostos mais altos. Portanto as suas diferenças sócio-económicas foram politizadas pela direita – e os sectores público-privado da classe média e da trabalhadora competem pelas migalhas de um orçamento em contracção.


Quando instalações públicas de saúde e educação declinam, a classe média e a trabalhadora dividiu-se entre aqueles que se voltaram para clínicas e escolas privadas e aqueles que permanecem dependentes de instalações públicas, baseadas em gastos estatais. Os segmentos ligados ao "privado" rejeitam impostos para financiar o "público", minando qualquer solidariedade de classe para melhorar o financiamento e a qualidade da saúde e educação públicas.


Conclusão


É claro que a crise do capitalismo provocou respostas contraditórias entre diferentes segmentos da classe média e da trabalhadora com base no seu impacto diferencial. Identidades de não classe anteriores, divisão económica interna entre líderes e seguidores, divisões geracionais e lealdades partidárias minaram a solidariedade de classe e levaram a queixas inconsequentes e hostilidade difusa.


Competição – não solidariedade – dentro e entre a classe média e a trabalhadora é razão da profunda imobilidade dos americanos face a uma crise económica prolongada e em aprofundamento.


Isso é assim agora e foi no passado. Haverá quaisquer perspectivas de um futuro diferente? Haverá qualquer possibilidade de unir segmentos da classe média e trabalhadora em alguma luta prolongada? Haverá caminhos alternativos para a solidariedade de classe mobilizações populares?


O rumo mais promissor é começar ao nível local e regional e envolver organizações da comunidade local, dissidentes da base sindical e profissionais progressistas (advogados, médicos, etc) em lutas, os quais entram em sintonia com os grupos mais gravemente afectados que enfrentam desemprego, arrestos, sem planos de saúde, etc. Todos os inquéritos mostram uma profunda divergência entre a vasta maioria dos americanos e a elite política de ambos os partidos sobre questões de salvamentos bancários, isenções fiscais para os ricos, "reformas" (privatizações e reduções), Medicare, Medicaid e Segurança Social. Existem divergências sobre as perdas de vidas e as despesas das múltiplas e prolongadas guerras da América (Afeganistão). Referendos propondo (1) acabar com o tecto nas contribuições de segurança social para os ricos finalizariam a chamada "crise da segurança social". (2) Um imposto de vendas sobre transacções financeiras financiaria o défice do Medicare. Investimentos públicos na nossa infraestrutura em deterioração com base na transferência de fundos de guerra (US$790 mil milhões) criaria empregos, aumentaria a procura na economia interna e aumentaria a produtividade e competitividade da economia dos EUA. O apoio à saúde pública é uma questão que une a maior parte dos segmentos da classe média e trabalhadora, trabalhadores sindicalizados da saúde e organizações da comunidade numa confrontação potencial com a grande indústria farmacêutica e as corporações privadas das indústrias da saúde.


Um salário mínimo mais alto – arrancando nos US$12 por hora – podia mobilizar a maior parte dos segmentos da classe media e trabalhadora; iniciativas ao nível local podiam atrair trabalhadores imigrantes e nacionais com baixa remuneração.


Dados de entrevistas demonstram que a maior parte dos americanos têm atitudes aparentemente "contraditórias": apoiam políticas progressistas e regressivas. Exemplo: muitos apoiam o Medicare e "pouco governo", criação de emprego federal e redução do défice; tarifas de importação e importações de bens de consumo baratos. Um programa de educação política abrangente para activistas, que demonstrassem serem factíveis e financiáveis reformas sociais progressistas, pode ser convertido em organização e acção directa. Começamos com uma realidade objectiva, demonstrando que a crise contínua do capitalismo não atende e não pode atender as exigências mais elementares: empregos, habitação, segurança, paz e crescimento. Isso constitui uma grande vantagem sobre os advogados do sistema os quais argumentam em favor de medidas regressivas prolongadas e mais profundas no futuro previsível.


Em segundo lugar, começamos com a vantagem de saber que o país tem a riqueza, qualificação e recursos potenciais para ultrapassar as crises. Em terceiro, podemos argumentar a partir de programas populares relativamente bem sucedidos os quais têm um apoio amplo – segurança social, Medicare, Medicaid – como "exemplos" a estender a aprofundar na cobertura social.


Para a maior parte dos americanos, o combate de hoje, para manter o que existe, é defensivo – esforços para preservar os últimos vestígios de organização independente, defender a segurança social, programas de saúde, educação pública razoável, pensões. A ofensiva corporativa está a "homogeneizar" cada vez mais a classe média e trabalhadora com os segmentos não organizados de baixa remuneração. Há cada vez menos "trabalhadores privilegiados" mesmo que eles ainda não o reconheçam.


A próxima extinção do sindicalismo do sector privado e da sua moribunda liderança milionária proporciona uma oportunidade para começar de novo com uma liderança horizontal, responsável para com os seus membros e integrada com organizações da comunidade de cooperativas, ecologistas, imigrantes e de consumidores. O que é absolutamente claro é que as "crises" sozinhas não resultarão em qualquer levantamento em massa; nem tão pouco "iluminados" académicos progressistas aninhados no seu micro-mundo oferecem qualquer liderança.


A estrada em frente começa com líderes locais a emergirem de coligações locais, a construírem organizações na base de iniciativas políticas e sociais independentes em sintonia com seus vizinhos, trabalhadores amigos e os americanos em mobilidade declinante, organizados e não organizados. Não vejo soluções fáceis ou rápidas para o "paradoxo" mas vejo condições objectivas para construir um movimento. Ouço uma multidão de vozes iradas e dissonantes. Acima de tudo, espero que os oprimidos cessem "arrancar as migalhas uns dos outros".

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25395


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Centro de Atenas transformado em praça de guerra


Confrontos duraram horas. Foto EPA/ORESTIS PANAGIOTU

Confrontos com a polícia duraram horas, num dia de greve total em que só o metro de Atenas funcionou para transportar os manifestantes. Papandreu usa argumento de patriotismo para tentar evitar defecções na sua bancada.
O centro de Atenas foi transformado numa praça de guerra, com confrontos que duraram horas entre manifestantes e polícia, no primeiro dia da greve geral de 48 horas em protesto contra as novas medidas de austeridade que o governo quer fazer aprovar no Parlamento estas quarta e quinta-feiras.
Jovens atiraram pedras e paus contra a polícia de choque no centro de Atenas, que ripostou com saraivadas de gás lacrimogéneo e granadas de efeito moral. A polícia disse que 18 pessoas foram detidas, sendo cinco delas mais tarde presas, enquanto 21 polícias foram feridos.

Greve total

A greve paralisou todos os serviços públicos e os transportes. De médicos a condutores de ambulâncias, dos trabalhadores dos casinos e até mesmo actores de teatro aderiram à paralisação. No sector da energia, a greve provocou apagões em diversos pontos do país.
Centenas de voos foram cancelados ou reprogramados devido à greve dos controladores de tráfego aéreo. As greves dos trabalhadores dos transportes públicos tornaram o trânsito caótico e deixaram os turistas abandonados no porto de Pireu. Os trabalhadores do metro de Atenas, porém, que começaram o dia em greve, voltaram ao trabalho para transportar os trabalhadores que quiseram participar das manifestações.

Maioria em risco

O Partido da Nova Democracia, de direita, opõe-se ao novo pacote do governo socialista do primeiro-ministro Papandreu, criticando os aumentos de impostos. O Pasok, porém, dispõe de maioria absoluta: 155 deputados em 300, o que garantiria uma maioria confortável. Mas há quatro deputados socialistas que se rebelaram, deixando a maioria do Pasok por um fio.
A Comissão Europeia e os governos alemão e francês têm feito chantagem sobre Atenas, exigindo a unanimidade do apoio (governo e oposição) às novas medidas de austeridade, para pagar a última tranche do empréstimo negociado há um ano. Mas, com a recusa da Nova Democracia, o máximo que pode acontecer é uma aprovação por pequena margem. Mas o resultado é de tal forma incerto que já levou Papandreu a invocar o último e desesperado argumento: o patriotismo.
As novas medidas incluem aumentos de impostos e taxas e criação de novos impostos, cortes de subsídios sociais, privatizações de praticamente todas as estatais e despedimentos de funcionários públicos.
O comissário dos assuntos económicos, Olli Rehn, reforçou o tom ameaçador, afirmando que "não existe plano B" para a situação grega.

O Brasil e a sua guerra particular

O Ibama apreendeu quatro toneladas de agrotóxicos, entre eles desfolhante 2.4D, que seria utilizado na substituição de 3 mil hectares de floresta por pastagem no Sul do Amazonas. Cerca de 250 ha já haviam ido para o beleléu.

O 2.4D, que é usado na agricultura, é um dos componentes do agente laranja, despejado no Vietnã para revelar inimigos do Tio Sam que se escondiam na mata.

Comentei com um colega antropólogo que, seguindo essa toada, em breve, o pessoal ia começar a usar napalm para limpar fazendas de indígenas indesejáveis.

No que ele me lembrou que isso já aconteceu. Durante a construção da BR-174, que cortou o território Waimiri Atroari, entre Roraima e o Amazonas, o exército brasileiro controlado pela Gloriosa quase levou à extinção o povo kinja na década de 70. Há relatos de bombas lançadas por aeronaves na população.

Outros relatos apontam o massacre de indígenas no Mato Grosso na década de 60, quando fazendeiros, com o apoio de representantes do Estado, teriam lançados objetos contaminados com doenças, como sarampo, nas aldeias indígenas.

Reestabelecida a democracia, casos assim continuaram. Há denúncias de que pecuaristas, temendo que suas terras viessem a ser devolvidas aos indígenas isolados que nelas viviam no Sul de Rondônia, mandaram dar açúcar de presente à tribo. O que não avisou a eles é que o açúcar tinha sido temperado com veneno de rato.

E olha que não falamos de trabalhadores rurais, como nas bombas jogadas durante a repressão violenta à greve dos cortadores de cana em Guariba (SP) na década de 80 ou nas chacinas e massacres, como Eldorados dos Carajás (PA).

Em suma, quando dizemos que uma guerra tem sido travada no campo no Brasil, tem gente que duvida. O pior é que ela não foi ou é apenas convencional, mas também química e biológica.

Não dava para ter aplicado a Convenção de Genebra por aqui, não?

Fonte: http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/06/29/o-brasil-e-a-sua-guerra-particular/

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PRESOS POLÍTICOS NA DINAMARCA

Cartaz dinamarquês.Já se ouviu falar de presos políticos em muitos países do mundo, mas nunca na Dinamarca. No entanto, é o que acaba de acontecer. Anton Nielsen, de 72 anos, foi condenado a seis meses de prisão pelo Tribunal de Copenhagen .

O seu crime: apoio e solidariedade ao povo palestino, com recolha de dinheiro para o trabalho humanitário da FPLP. O imperialismo americano classificou a FPLP como organização "terrorista" e o sub-imperialismo europeu seguiu servilmente o diktat do amo americano. Nielsen preside a associação Horseroed-Stutthof, que congrega antigos presos políticos da ocupação alemã da Dinamarca, bem como suas viúvas e descendentes. A colecta de fundos foi efectuada por esta associação.


No mesmo dia, o tribunal de Copenhagem condenou Viggo Toften Joergensen, dirigente do Sindicato dos Carpinteiros, a seis meses de prisão. A condenação foi por haver enviado dinheiro às FARC, em apoio a líderes sindicais assassinados pelos fascistas colombianos.


Verifica-se assim que além de participar das agressões ao Afeganistão e à Líbia, a Dinamarca desenvolve também a repressão contra os seus próprios cidadãos. A democracia burguesa mostra as suas garras.

Fonte: Resistir. info