quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os patrões lucraram como nunca no crescimento econômico


 
 .... Agora vão falar de crise para ganhar ainda mais ...
A todo o momento os trabalhadores assistem declarações do governo sobre como “todos” estão ganhando com o crescimento da economia. Mas será que os trabalhadores estão ganhando mesmo?

Os balanços das empresas e dos bancos mostram outra realidade.  Os capitalistas batem recorde de lucros, enquanto os trabalhadores estão ganhando menos e trabalhando mais. A verdade é que a fatia deste bolo, para os trabalhadores, tem sido na verdade muito pequena. Agora, os patrões vão falar da crise econômica internacional, para reduzir ainda mais essa parcela.
Patrões lucram como nunca
Nos últimos anos, o crescimento da economia foi sustentado por uma enorme superexploração dos trabalhadores.  A produção aumentou, mas não na mesma proporção de novas contratações. Ou seja, os trabalhadores estão cumprindo jornadas infernais para reduzir o custo do trabalho para a indústria.
 Em 2010, as 500 maiores empresas sediadas no Brasil, segundo a Revista Exame, alcançaram em vendas US$ 1,3 trilhão de dólares, um crescimento de 9,5% ante 2009. Os lucros destas mesmas empresas aumentaram em 31% entre 2009 e 2010, três vezes o crescimento chinês, totalizando lucros que alcançaram US$ 86,7 bilhões de dólares.
Segundo os cálculos do Ilaese, cada um dos 2.874.961 trabalhadores destas empresas gerou uma riqueza para seus patrões no valor de pouco mais de US$ 452 mil dólares. Ou seja, o Brasil é um dos países onde mais os capitalistas lucram, apesar de toda choradeira dos patrões sobre o elevado “custo Brasil”, cujo objetivo é explorar ainda mais os trabalhadores destruindo seus direitos.  
Na construção civil, segundo os cálculos do Ilaese, os salários pagos pelas 7 maiores empresas do setor representam apenas cerca de 5% do seu faturamento. Isso representa uma brutal superexploração dos trabalhadores. O caso da GAFISA, a maior empresa de construção do país, é exemplar. Em 2009, a GAFISA faturou R$ 3,14 bilhões de reais com 12.199 funcionários, dos quais 7.738 são terceirizados. Pois bem, cada trabalhador rendeu para a empresa R$ 259 mil, enquanto o gasto anual com este trabalhador foi de pouco mais de R$ 24 mil.
Já na fábrica da General Motors do Brasil, entre os anos de 2000 e 2008, o custo da folha salarial representou somente cerca de 8% do faturamento da empresa. O gasto maior da GM foi com máquinas, equipamentos e matérias-primas. Só em São José dos Campos (SP), entre 2008 e 2009, cada trabalhador da planta rendeu mais de 1 milhão de reais. Mas o gasto com a empresa com este trabalhador alcançou somente R$ 87,8 mil reais em 2009, segundo um estudo do Ilaese. Com tamanha superexporação, não surpreende que as montadoras no Brasil sejam uma das mais lucrativas do mundo. Segundo uma pesquisa feita pelo banco de investimento Morgan Stanley, da Inglaterra, o lucro das montadoras instaladas no Brasil chega a ser três vezes maior do que a de outros países.

O Brasil cresceu. Eu quero o meu!
Em 2011, o governo prevê um crescimento do PIB em 4%. Isso significa que os empresários vão continuar faturando alto, mas vão se utilizar da crise econômica mundial para chantagear os trabalhadores para não dar aumento real nas campanhas salariais. Muitos, certamente, vão ameaçar com mais demissões, como em 2008-2009.
A crise foi a desculpa utilizada pelas empresas para demitir trabalhadores, e depois recontratar outros com salários menores. Hoje existem há muitos trabalhadores que foram demitidos em 2009, e depois foram recontratados pela mesma empresa, porém recebendo a metade do salário que ganhavam antes.
 Os trabalhadores não podem cair nessa conversa. Nesta campanha salarial os trabalhadores têm a oportunidade de virar este jogo, o país está crescendo só para os bancos e grandes empresas, enquanto isso os trabalhadores ficam cada vez mais endividados e a exploração só aumenta. Vamos pegar a nossa parte do bolo!
É preciso dar um basta no arrocho salarial, no aumento da exploração no ritmo de trabalho. Por isso, é preciso ir à luta, unificar as campanhas salariais e dar uma resposta contundente na Jornada Nacional de Lutas de 17 a 26 de Agosto, chamada pela CSP- Conlutas e outras entidades (ver página 12), cujo slogan é: Se o Brasil cresceu, trabalhador quer o seu. Dilma é hora de dividir o bolo!

Bancos: lucros absurdos, salários de fome
O aumento do lucro dos bancos se tornou uma rotina durante o mandato de Lula (veja gráfico ao lado). Enquanto os bancos ganhavam  R$ 34 bi, nos dois governos de FHC, nos dois mandatos de Lula atingiram R$ 170 bilhões, ou seja, aumentaram em 550%, segundo a consultoria Economática. No ano passado, mais uma vez, os bancos quebraram mais um recorde. O Bradesco anunciou um lucro de R$ 5,5 bilhões, 22% maior em relação ao mesmo período do ano passado. O Itaú Unibanco obteve R$7,1 bilhões e o Santander R$ 4 bilhões, o que significa 25% do seu lucro mundial.  Essa dinâmica vai se manter com Dilma.
Por outro lado, a situação dos trabalhadores do setor é bem diferente. O ritmo de trabalho e o assédio moral aumentaram como nunca. Mais da metade da categoria cumpre uma jornada de trabalho bem acima das 30 horas semanais, segundo o DIEESE.
O resultado é um grau de adoecimento nunca antes visto. E os salários, por outro lado, estão cada vez mais arrochados. Segundo estudo da FEBRABAN (Federação Nacional dos Bancos), o total de operações realizadas pelo sistema financeiro cresceu 85,6% entre 2000 e 2006, passando de 19,8 bilhões de operações para 36,7 bi. No mesmo período, a rede de atendimento dos bancos teve um crescimento de 148 % e a de correspondentes bancários 431,9 %.
Já as perdas salarias são de 98,62% na Caixa Economica Federal; 86,68% no Banco do Brasil e 26% nos bancos privados. Um exemplo das perdas pôde ser visto na diferença salarial entre os bancarios da Nossa Caixa com os do Banco do Brasil, após a incorparação do primeiro banco ao segundo, em 2009. A incorporação mostrou que os salários dos bancários da Nossa Caixa são maiores que os do BB, pois eles mantiveram o seu  PCS (Plano de Cargos e Salários) até o momento da migração, enquanto os do BB já o perderam na década de 90. Os bancários da Nossa Caixa terão achatamento salarial, pois perderam o antigo PCS na migração.
Passado e presente
Se no passado, ser bancário, significa uma profissão prestigiada e cobiçada por muitos, pois até mesmo com um salário de escriturário era possivel sobreviver, hoje a situação é bem diferente. Uma pesquisa de emprego bancário, apresentada pelo Dieese, mostra que  a grande rotatividade do emprego rebaixou os salários. Aproximadamente 65% das admissões no primeiro trimestre estão concentradas entre 2 e 3 salários mínimos enquanto os 75,44% dos desligamentos eram superiores a 4 mínimos.
Só nos primeiros três meses de 2011, os bancos desligaram 8.947 trabalhadores, apesar de gerarem 6.851 novos empregos, segundo o Dieese.  O fenômeno ocorre em função da situação de precarização do setor. O perfil da maioria dos novos contratados (70%) é jovem entre 18 e 24 anos. E são as mulheres que ganham os piores salários. Segundo (em 1995 era de 45% e em 49%). No entanto, a diferença da remuneração média entre homens e mulheres aumentou para 24%.
Por por Jeferson Choma
Fonte: http://www.litci.org

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