quarta-feira, 30 de junho de 2010

Grécia parou mais uma vez nesse dia 29










G-20 orienta a política de cortes de gastos a “todos os países industrializados”

A Grécia viveu mais um dia de greve geral nesse dia 29 de junho, terça –feira, contra os planos de cortes e ajustes fiscais do governo de George Papandreou, do FMI e da União Europeia. A imprensa já perdeu a conta de quantas greves já ocorreram só esse ano no país. Enquanto uns afirmam que essa foi a quinta greve geral, outros veículos enumeram como a sexta paralisação geral.
Mais uma vez, trabalhadores do setor público e privado cruzaram os braços contra os cortes e os ataques aos salários e à aposentadoria. A greve foi convocada pela GSEE, central que reúne os sindicatos privados e a Adedy, central dos trabalhadores públicos. A greve afetou os serviços públicos, principalmente o setor de transportes. O turismo também parou. Trabalhadores de veículos de comunicação, como jornais e TV, também pararam.

Mobilizações

Manifestações também acompanharam o dia de greve. Em Atenas e na cidade de Salónica, segunda maior cidade da Grécia, os trabalhadores foram às ruas e, em vários momentos, enfrentaram a repressão da polícia. Na capital grega cerca de 70 mil manifestantes foram às ruas.

Os sindicatos organizam uma nova greve geral já para o início de julho, quando começa a tramitar no parlamento o projeto de lei que aumenta a idade mínima de aposentadoria, reduz as pensões e facilita as demissões. O debate está marcado para o dia 8 de julho.

Greve na Espanha
Na Espanha o dia também foi de greve contra o corte de salários e direitos. Em Madri, os trabalhadores do metrô cruzaram os braços contra o corte nos salários dos servidores públicos. Em todo o país basco houve greves e mobilizações contra o plano de cortes.
Já no último dia 25 foi a vez da Itália ter seu dia de greve geral. Sindicatos organizaram 4 horas de paralisação e impulsionaram manifestações que reuniram algo como 1 milhão de pessoas pelas ruas do país.


G-20 aponta generalização da política de cortes

Como se não bastasse a política coordenada de cortes nos salários e direitos, a fim de reduzir o déficit fiscal da Europa, imposto pelo FMI e a União Europeia, agora foi a vez do G-20 orientar esse mesmo plano de ajustes fiscais para o restante do mundo.
A cúpula das vinte maiores economias do mundo se realizou nos dias 26 e 27 em Toronto, no Canadá e aprovou uma carta em que orienta o mesmo ajuste fiscal da Europa para o resto dos países.
“O corte do déficit público se impôs como prioridade, primeiro na Europa e agora em todos os países industrializados” , diz o comunicado final do G-20. Isso significa que os cortes de salários e ataques aos direitos e à previdência pública não serão exclusividade dos países endividados da Europa.Geografia e Luta - Prof.Mazucheli
Enquanto o mundo vivia a mais grave crise financeira desde 1929, o G-20 exortava os governos a aprovarem vultuosos pacotes de ajuda ao mercado . Agora, com os bancos a salvo, o mesmo G-20 quer que a conta seja paga pelos trabalhadores.
Isso reforça a tese de que o desenrolar da luta de classes na Europa será um indicativo do que deve ocorrer no restante do mundo. Uma vitória dos trabalhadores contra os planos de ajuste fiscal pode barrar essa política, do mesmo modo que uma vitória do FMI vai ser o pontapé inicial para a generalização dessa política em todos os continentes.


  • Leia entrevista com Sotires Martalis, trabalhador grego, durante o Conclat

  • Fonte: Sitio do PSTU

    O capitalismo acumula um saldo de 1 bilhão 20 milhões de famintos no mundo


    Por Aurelio Gil Beroes
    A fome é o mais cru testemunho da pobreza e um dos principais indicadores da injustiça no mundo atual.

    De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em seu informe de junho de 2009, 1 bilhão 20 milhões de pessoas, a maior cifra na história, padecem de fome no mundo.

    O diretor desse organismo internacional Jacques Diouf e a Diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) Josette Sheeran apresentaram as cifras como resultado da crise econômica global e dos altos preços dos alimentos.

    Os dados assinalam que não só aumentou o número absoluto de pessoas famintas no mundo, mas que há três anos aumentou também a porcentagem da população que passa fome.

    Segundo o diretor da FAO, graças à perigosa mistura de crise econômica e altos preços dos alimentos, em 2008, outros 100 milhões de pessoas entraram na categoría de famintos, o que supõe um incremento de 11%.

    Na atualidade, uma de cada 6 pessoas no mundo padece de fome.

    Origem da fome

    Nos diferentes períodos da história, o homem lutou para satisfazer as necessidades básicas de alimentação, teto e vestimento. Em sua longa relação com a natureza, transformou e utilizou os recursos que esta lhe oferece para satisfazer essas necessidades. Sem embargo, as possibilidades estiveram sempre limitadas pelas técnicas de aproveitamento e pelas dimensões da demanda.

    Na pré-história da espécie humana e nos posteriores períodos dos modos de produção escravista e feudal, a pobreza teve uma presença marcante, devido à escassez de recursos. O precário desenvolvimento da ciência e da tecnología limitava a produtividade do trabalho e de alguma maneira gerava pobreza e fome.

    A panaceia capitalista

    Com o advento do modo de produção capitalista, muitos teóricos pensaram que sobreviria o fim da pobreza e da fome no mundo, devido aos acelerados níveis de crescimento da indústria. Pensou-se que a humanidade avançava para o reino da abundância de recursos e produtos. Sem embargo, com o capitalismo como modo de produção dominante no mundo hoje, a pobreza e a fome não só se mantiveram como se incrementaram, do mesmo modo que muitas outras calamidades que são inerentes a esse sistema produtivo.

    Paradoxalmente, o acelerado crescimento da produtividade do trabalho no capitalismo faz com que milhões de pessoas aptas para o trabalho não encontrem emprego, já que são desnecessárias para o capital. Sem emprego, essas pessoas não têm remuneração e, sem remuneração, não podem partcipar do consumo nem da distribuição da riqueza gerada. Dessa forma, sendo aptos para o trabalho e necessitando-o, não têm oportunidade. Assim, passam a engrossar o exército de desempregados e se afundam na pobreza e na fome.

    Diferentes causas

    "As razões pelas quais os escravos viviam na pobreza são muito diferentes das pelas quais se encontram na pobreza os operários de hoje em dia. De modo que, ainda que a pobreza sempre haja existido, não é da mesma natureza, como não o são tampouco as causas que a geraram nos distintos regimes sociais", diz o economista salvadorenho Aquiles Montoya, em seu trabalho É possível abater a pobreza no capitalismo?, localizável na Web.

    "A pobreza" - sustenta Montoya - "tem um caráter histórico que é preciso desentranhar em cada momento, a fim de poder pensar em alternativas possíveis para sua resolução no caso particular ou específico que nos ocupa".

    "As generalidades como as generalizações" - afirma - "a miúdo não brindam os resultados esperados".

    "Assim, aqueles que sustentam, sem mais nem menos, que a pobreza sempre existiu e que, por isso, sempre existirá, não entendem que o capitalismo gera sua própria pobreza", afirma. E sentencia: "Portanto, resulta ilusório creer que o simples crescimento econômico (capitalista) conduzirá, por si mesmo, à eliminação da pobreza".

    Outras causas

    Mas o capitalismo não só gera sua própria pobreza pela exclusão dos trabalhadores dos processos produtivos. Esta circunstância, a miúdo, se vê agravada pela influência e pelo peso global de suas crises, as quais arrastam atrás de si economias inteiras e a sorte de milhões de seres humanos.

    Um exjmplo dessa realidade é a situação, gerada pela bancarrota de centenas de bancos hipotecários nos Estados Unidos, que pôs na miséria ­milhões de familias nesse país, privándo-as de casas, de empregos e das poupanças feitas durante anos de trabalho.

    A crise hipotecária da banca estadunidense provocou a queda de várias economías europeias (Grécia, Hungria, Itália e Espanha, entre outros), que hoje se afundam na insolvência e que obrigam os governos a reduzir gastos sociais, salários e custos, lançando no desemprego centenas de milhares de trabalhadores.

    Esses trabalhadores com serviços sociais e salários reduzidos, e sem emprego, se somam às fileiras dos pobres e famintos do mundo, em consequência da crise capitalista.

    Dessa forma, frente ao leque de produtos que pode oferecer a indústria capitalista, se encontra um amplo setor da população sem dinheiro para aceder a esses produtos.

    Preços altos

    É imperativo assinalar que à par do crescimento da pobreza também se incrementou os preços dos alimentos. E isso ocorre porque também se vive uma verdadeira crise alimentar capitalista pela inflação nos preços, crise na qual estão presentes fatores políticos e econômicos.

    Por um lado, estão as políticas que traçam o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e o Departamento da Agricultura dos Estados Unidos, que recomendam incrementos da assistência alimentar, liberalizar o comércio agrícola e introducir cultivos transgênicos, linhas que levaram à quebra agrícola dos países do sul.

    E, por outro, as grandes transnacionais dos grãos, dos fertilizantes e do transporte de alimentos: Yara Fertilizer, Cargill, Archer Daniels Midland, Syngenta, Du Pont e Monsanto, que controlam a produção agrícola mundial e manipulam os preços das diferentes rubricas.

    A isso há que somar a incidência que tiveram nos preços a mudança climática e o desvío da produção agrícola para a produção de combustíveis alternativos.

    Segundo o pesquisador Eric Holt Giménez, diretor do Institute for Food en Development Policy, em seu artigo Crise Mundial de Alimentos: Que há detrás e qué podemos fazer (localizável na internet), o Banco Mundial informou que nos últimos três anos os preços se elevaram em 83%, enquanto que a FAO registra um aumento de 45% em seu índice de preços nos últimos nove meses.

    Mudança climática

    A mudança climátic, longe de exonerar de responsabilidade o sistema capitalista em relaçaão a produção e preços dos alimentos, mais bem o inculpa. E isso em razão do aproveitamento depredador que o capitalismo faz dos recursos naturais na produção industrial.

    Contaminaram mares e ríos, devastaram bosques, desertificaram enormes extensões de terra fértil e se acabou con milhares de espécies animais no altar capitalista do lucro.

    A isso haveria que somar, a profusão de gases de efeito estufa dos países capitalistas e a incidência que sobre o mercado dos alimentos teve o aproveitamento da mandioca e das oleaginosas para a produção de combustível alternativo.

    Porcentagem mais elevada

    O diretor da FAO Jacques Diouf, ao apresentar o informe citado linhas acima, disse que, graças à perigosa mistura de crise econômica (refere-se à crise que vive o capitalismo em ambos os lados do Atlântico) e altos preços dos alimentos, só em ­2008, 100 milhões de pessoas entraram na categoria de famintos. Um incremento de 11%.

    Assegurou que, em 2008, a cifra se incrementou em todas as regiões do mundo, inclusive no grupo dos países desenvolvidos, onde o incremento (15,4%) foi o maior do planeta.

    Por Agencia Bolivariana de Noticias

    Fonte: http://www.socialismo.org.br

    ARROZ TRANSGÊNICO - ENTENDA O QUE ESTÁ EM JOGO


    O JOGO SUJO DA BAYER

    Dentro de poucos dias o Brasil pode se tornar a cobaia do mundo, ao permitir o plantio e o consumo de arroz transgênico não aprovado em nenhum país. O pedido da empresa alemã Bayer está praticamente pronto para ser votado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Tratase do Arroz Liberty Link LL 62, resistente ao herbicida glufosinato de amônio (processo 01200.003386/200379).

    Neste caso, até os produtores e a Embrapa Arroz e Feijão estão contra. Parece que só a CTNBio está do lado da Bayer. Como vai se posicionar o governo LULA? Arroz com herbicida – riscos para a saúde A modificação genética torna o arroz resistente ao herbicida de princípio ativo glufosinato de amônio e nome comercial Basta ou Finale (ambos da Bayer). Ou seja, não há nenhum benefício para o consumidor. Pelo contrário. Com a resistência ao agrotóxico, a pulverização se dará sobre toda a lavoura, inclusive sobre o próprio arroz, que não morrerá mas absorverá o veneno, que irá

    também para os grãos.

    O glufosinto é considerado tóxico para mamíferos e por este motivo será proibido na União Europeia a partir de 2017 por determinação do Parlamento Europeu [1]. Pesquisadores japoneses mostraram que a substância pode dificultar o desenvolvimento e a atividade do cérebro humano, provocando convulsões em roedores e humanos [2].


    A Bayer é a empresa que mais vende agrotóxicos no Brasil e sua aposta no arroz transgênico visa ampliar ainda mais esse mercado. A venda casada com o glufosinato reforça a posição do Brasil como principal destino de produtos tóxicos não mais aceitos em outros países [3].



    Problemas agronômicos – a posição da Embrapa


    Em audiência pública, o pesquisador Flávio Breseghello, da Embrapa Arroz e Feijão, apresentou a posição oficial “autorizada pela presidência”, frisando que a empresa não é contra os trangênicos e nem contra a modificação genética do arroz, mas que neste caso o produto da Bayer “agravará os problemas já existentes”. “Não devemos usar tecnologias que terão validade de poucas safras”, disse Breseghello.


    O principal entrave técnico enfrentado pelos produtores de arroz é o controle do arroz vermelho, espécie ancestral do arroz comercial, que compete com a cultura. A preocupação é a constatação de que a planta transgênica inevitavelmente cruzará com sua parente vermelha, dando origem a arroz vermelho transgênico resistente a herbicida. O arroz vermelho pode germinar após mais de anos de dormência no solo. Segundo Breseguello, “a contaminação é irreversível” [4].





    Problemas econômicos – a posição dos produtores


    Na mesma audiência pública, os representantes dos produtores de arroz também manifestaram sua preocupação. Receiam perder mercado interno e externo caso a variedade seja liberada.


    “Considerando que não existe consumo corrente nem mercado global para o arroz transgênico, concluímos que a entidade não é favorável nesse momento à liberação”, disse Renato Caiaffo Rocha, em nome dos produtores reunidos na Farsul e na Federarroz e do Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA.


    Contaminação inevitável


    Mais de 7 mil produtores de arroz processam a Bayer nos Estados Unidos por prejuízos sofridos pela contaminação de suas colheitas pelo arroz Liberty Link. A Justiça estadunidense já determinou o pagamento de mais de 50 milhões de dólares como indenização por danos materiais. A Justiça do estado de Arkansas determinou também indenização por danos morais por entender que houve má fé por parte da empresa [5].


    Entre 1999 e 2001 a empresa realizou nos Estados Unidos testes de campo com o arroz modificado, mas não chegou a propor sua liberação comercial. A contaminação só foi descoberta cinco anos após a conclusão dos experimentos, quando o mercado europeu suspendeu as importações do produto. O Japão seguiu o mesmo caminho. Na ocasião, a empresa eximiuse de qualquer responsabilidade pelo ocorrido, alegando tratar-se de “circunstâncias inevitáveis, ato de Deus e negligência dos agricultores” [6].


    Recentemente, um repesentante da Bayer no Brasil afirmou que o problema não está na contaminação, mas sim no fato de ela não estar prevista e regulamentada pelas leis de biossegurança. Para André Abreu, enquanto permanecer um regime de intolerância (sic) em relação à contaminação, problemas como esse continuarão acontecendo [7].


    Falta transparência


    Muitos questionamentos foram apresentados por pesquisadores, produtores e representantes da sociedade civil na audiência publica realizada em março de 2009, mas até hoje nenhum deles foi respondido. Não se sabe, por exemplo, o que a empresa pretende fazer para evitar a contaminação do arroz comum nem qual o nível previsto de resíduo de agrotóxico no grão. A CTNBio nega acesso aos dados apresentados pela empresa. Essa falta de transparência é prejudicial à participação da sociedade, à biossegurança e à saúde pública.


    Falta isenção – a avaliação pela CTNBio


    Até hoje a CTNBio aprovou todos os pedidos a ela submetidos. Nunca recusou nenhum. Suas decisões ocorrem por maioria simples, isto é, 14 de 27 votos. Cabe destacar que é grande a controvérsia técnica dentro da própria Comissão. O melhor exemplo está no fato de que até hoje todas as aprovações tiveram votos contrários fundamentados dos ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário. Anvisa e Ibama apresentaram formalmente recursos técnicos contra as liberações dos milhos LL da Bayer, MON810 da Monsanto e Bt 11 da Syngenta, mas o governo Lula delegou à CTNBio a decisão. Pior para todos nós que teremos produtos contendo esses milhos transgênicos, apesar da discordância da ANVISA e do IBAMA.


    A falta de imparcialidade começa pelo próprio presidente da Comissão, que ao assumir o cargo no início deste ano já se declarou favorável à liberação do arroz transgênico [8], contra a rotulagem dos produtos [9] e a favor da exclusão do monitoramento dos impactos à saúde dos transgênicos. Antes de ser presidente, para defender a soja transgênica da Monsanto, Edílson Paiva, falando do glifosato usado na soja da Monsanto, chegou a dizer que os “humanos poderiam até beber e não morrer

    porque não temos a via metabólica das plantas” [10].

    Alterações genéticas imprevistas


    O método de transformação utilizado para o arroz Liberty Link foi o da aceleração de partículas (biolística). A biolística é um método de transferência direta que consiste em projetar transgenes dentro das células alvo através de partículas de ouro ou tungstênio cobertos com moléculas de DNA recombinante (transgenes) aceleradas por um sistema de propulsão por hélio.


    Neste método, há total descontrole do local da inserção dos transgenes nas células e genoma vegetal. O transgene pode tanto ser inserido no genoma nuclear quanto no DNA de organelas. Além disso, o número de transgenes também não é controlado. Várias partículas podem integrarse no genoma e em diferentes lugares. Finalmente, a integridade do transgene (sua sequência genética) também pode

    não ser mantida, ou seja, o transgene pode integrarse no genoma de forma truncada, com deleções ou ainda com inserções de fragmentos de DNA da própria célula entre os transgenes.

    No caso do arroz LL, nenhum estudo cientificamente robusto foi apresentado pela proponente a fim de confirmar o que foi inserido. Isto significa que sequer temos a certeza do que foi inserido, muito menos das conseqüências. Durante a audiência pública, um participante mencionou a possibilidade de ter ocorrido deleção de um nucleotídio (Adenina) no local de regulação da expressão da proteína que confere a tolerância ao herbicida glufosinato de amônio. Posteriormente à audiência, a empresa admitiu a deleção, afirmando haver a alteração de um aminoácido na proteína. Essa alteração significa que a proteína produzida pelo arroz difere daquela produzida naturalmente pela bactéria Streptomyces, doadora do gene.


    No entanto, nenhum estudo foi apresentado a fim de investigar possíveis efeitos adversos na saúde humana e meio ambiente resultantes dessa alteração não intencional. Ou seja, além da incerteza do que foi realmente inserido, ignorase uma alteração genética detectada, mas não esperada. A proteína não perdeu a sua função de conferir a tolerância ao herbicida, mas pode gerar riscos não analisados.




    A decisão está nas mãos do governo Lula


    A Lei de Biossegurança (Lei 11.105/05) criou uma instância acima da CTNBio, o Conselho Nacional de Biossegurança, formado por 11 ministros e presidido pela Ministra Dilma Rousseff. O CNBS tem o poder de dar a última palavra em relação a uma liberação comercial de transgênico no país. Até o momento, a atuação do CNBS foi lamentável: deu razão à CTNBio e autorizou a liberação dos três milhos transgênicos que a ANVISA e o IBAMA recomendaram que não fossem autorizados.


    A liberação do arroz LL tem também implicações econômicas bem graves, estando as principais entidades representativas dos produtores contra (Farsul, Federarroz e Instituto Rio Grandense do Arroz – IRGA). Como vai se posicionar o governo Lula: a favor da Bayer ou do Brasil?


    Assinam este documento:



    AAO Associação de Agricultura Orgânica ABRANDH – Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos

    Humanos ACAN
    Associação Catarinense de Nutrição AEPAC
    Associação Estadual dos Pequenos Agricultores Catarinenses – ANA Articulação Nacional de Agroecologia ANAC

    Associação Nacional de Agricultura Camponesa ANPA
    Associação Nacional dos Pequenos
    Agricultores – APATO
    Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins – APPA Associação Paranaense de Pequenos Agricultores ARPA
    Associação Riograndense de Pequenos Agricultores
    ASPTA
    Agricultura Familiar e Agroecologia – CESE Coordenadoria Ecumêmica de Serviços Cooperfumos
    Cooperativa Mista de Fumicultores do Brasil Ltda. CONESANGO
    Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional de Goiás CONSEASC
    Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional de Santa Catarina – CPCPR
    Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do Paraná Ltda. – CPCRS
    Cooperativa Mista de Comercialização Camponesa do Rio Grande do Sul Ltda. CPT
    Comissão Pastoral da Terra FASE
    Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional FBSSAN
    Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FEAB Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil FESANSMS
    Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Mato Grosso
    do Sul – FNECDC Fórum Nacional das Entidades Civis de Defesa do Consumidor FOSANES
    Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional do Espírito Santo IDEC
    Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Instituto Cultural Padre Josimo MAB
    Movimento dos Atingidos por Barragens MMC
    Movimento de Mulheres Camponesas MPA
    Movimento dos Pequenos
    Agricultores MST
    Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – Plataforma Dhesca
    Relatoria de Direito Humano à Terra, Território e Alimentação PJR
    Pastoral da Juventude Rural RECIDGO
    Rede de Educação Cidadã de Goiás Terra de Direitos Via Campesiana.

    NOTAS:


    [1] EU Environment Ministers Keep Bans on Transgenic Maize. Environment News Service (ENS). http://

    www.ensnewswire.
    com/ens/mar2009/2009030201.
    asp
    [2] Nobuko Matsumura, Chizuko Takeuchi, Keiichi Hishikawa,Tomoko Fujii, Toshio Nakaki. Glufosinate
    ammonium induces convulsion through Nmethyldaspartate
    receptors in mice. Neuroscience Letters 304
    (2001) 123125.
    [3] Brasil é o principal destino de agrotóxico banido no exterior. O Estado de São Paulo, 30 de maio de
    2010.
    [4] A transcrição da audiência pública realizada em 18 de março de 2009 está disponível na página eletrônica
    da CTNBio, no endereço http://www.ctnbio.gov.br/index.php/content/view/13289.html
    [5] Bayer ordered to pay farmer $1 million is tab for modified rice. Arkansas DemocratGazette,
    10/03/2010. http://www.allbusiness.com/legal/tortsdamages/
    140796811.
    html ;
    Bayer to pay $1.5 mln in 2nd lawsuit over GM rice, Reuters, 05 de fevereiro de 2010.
    http://www.reuters.com/article/idUSLDE61421W20100205 e GM rice litigation: defense. Delta Farm Press,
    04 de maio de 2010. http://deltafarmpress.com/rice/gmricelitigationdefense0504/
    [6] Firm Blames Farmers, 'Act of God' for Rice Contamination. Washington Post, 22 de novembro de 2006.
    http://www.washingtonpost.com/wpdyn/
    content/article/2006/11/21/AR2006112101265.html
    [7] Mesa redonda sobre arroz transgênico. CTNBio, 19 de maio de 2010, Brasília.
    [8] Novo presidente da CTNBio defende arroz transgênico. O Estado de São Paulo, 11 de fevereiro de 2010.
    http://www.estadao.com.br/noticias/geral,novopresidentedactnbiodefendearroztransgenico ,
    509722,0.htm
    [9] Novo presidente da CTNBio se diz contra rotular transgênico. Folha de São Paulo, 11 de fevereiro de
    2010. http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u692636.shtml
    [10] Avanço da soja transgênica amplia uso de glifosato. Valor Econômico, 24 de abril de 2007.
    FONTE: http://port.pravda.ru/ Via Luta Popular

    terça-feira, 29 de junho de 2010

    A guerra de Obama

    Cartoon de Latuff.por Atilio Boron [*]

    Amitai Eztioni é um dos sociólogos mais influentes do mundo. Nascido na Alemanha e emigrado em Israel nos anos fundamentais desse estado, radicou-se depois nos Estados Unidos onde iniciou um longa carreira académica que o levou a algumas das mais prestigiosas universidades desse país: Berkeley, Columbia, Harvard, até culminar, nos últimos anos em Washington, DC, como Professor de Relações Internacionais da George Washington University. Mas as suas actividades não se limitaram aos claustros universitários: foi um consultor permanente de diversos presidentes norte-americanos, especialmente de James Carter e Bill Clinton. E desde o 11/Set, com o auge do belicismo, sua voz ressoou com força crescente no establishment norte-americano. Há poucos dias ofereceu um novo exemplo disso.

    Apologista incondicional do Estado de Israel, acaba de publicar na Military Review, uma revista especializada das forças armadas dos Estados Unidos, um artigo que põe em evidência o "clima de opinião" que prevalece na direita norte-americana, o complexo militar-industrial e nos sectores mais cimeiros da administração, muito especialmente no Pentágono. O título do seu artigo diz tudo: "Um Irão com armas nucleares pode ser dissuadido?" A resposta, convém esclarecer, é negativa. Esta publicação não podia chegar num momento mais oportuno para os belicistas estado-unidenses, quando reiteradas informações – silenciada pela imprensa que se diz "livre" ou "independente" – falam do deslocamento de navios de guerra estado-unidenses e israelenses através do Canal de Suez em direcção ao Irão, o que faz temer a iminência de uma guerra. Em várias das suas últimas "Reflexões" o comandante Fidel Castro havia advertido, com a sua habitual lucidez, acerca das ominosas implicações da escalada desencadeada por Washington contra os iranianos, cuja pauta não difere senão em aspectos anedóticos da utilizada para justificar a agressão ao Iraque: assédio diplomático, denúncias perante a ONU, sanções cada vez mais rigorosas do Conselho de Segurança, "incumprimento" de Teerão e o inevitável desenlace militar.

    As sombrias previsões do comandante parecem optimistas em comparação com o que coloca este tenebroso ideólogo dos falcões norte-americanos. Numa entrevista concedida quarta-feira passada a Natasha Mozgovaya, correspondente do jornal israelense Haaretz nos Estados Unidos, Etzioni ratifica o afirmado na Military Review, a saber: o Irão pretende construir um arsenal nuclear e isso é inaceitável. A única opção é um ataque militar exemplar e é preferível desencadeá-lo um mês antes e não dez dias depois de o satanizado Irão dispor da bomba atómica. No seu artigo o professor da GWU insiste em assinalar que qualquer outra alternativa deve ser descartada: a diplomacia fracassou; as sanções da ONU carecem de eficácia; bombardear as instalações nucleares não mudaria muito as coisas porque, segundo declarações do secretário da Defesa Robert Gates, a única coisa que se conseguiria seria atrasar o avanço do projecto atómico iraniano por três anos; e, finalmente, a dissuasão não funciona com "actores não racionais" como o actual governo do Irão, dominado pelo irracionalismo fundamentalista que contrasta com o comedimento e racionalidade de governantes israelenses que assassinam activistas humanitários em pleno Mediterrâneo. Em consequência, a única coisa realmente eficaz é destruir a insfraestrutura do Irão para impossibilitar a continuação do seu programa nuclear.

    Esse ataque, acrescenta, "poderia ser interpretado por Teerão como uma declaração de guerra total", mas como as tentativas de diálogo ensaiadas por Obama fracassaram é urgente e imprescindível adoptar medidas drásticas se os Estados Unidos não quiserem perder o seu predomínio no Médio Oriente em favor do Irão. Pelas suas grandes reservas petrolíferas – superadas apenas pela Arábia Saudita e o Canadá [NT] , e muito superiores às do Iraque, Kuwait e dos Emirados – o Irão excita a ânsia de rapina do imperialismo norte-americano, que com 3 por cento da população mundial consome 25 por cento da produção mundial de petróleo. Além disso, não se pode esquecer que a guerra é o principal negócio do complexo militar-industrial, de modo que para sustentar os seus lucros há que utilizar e destruir aviões, foguetes, helicópteros, etc. Assim, o par diabólico formado pela "guerra preventiva" a "guerra infinita" continua seu curso inalterável, agora sob a presidência de um Prémio Nobel da Paz cujo servilismo diante deste escuros interesses juntamente com a sua falta de coragem para honrar esse prémio coloca a humanidade à beira do abismo.

    26/Junho/2010
    [NT] As reservas do Canadá não deveriam ser comparadas às da Arábia Saudita pois são em grande parte constituídas por xistos betuminosos. A transformação do mesmo em petróleo está no limiar do rácio EROEI (Energy Returned On Energy Inputed).

    [*] Director do Programa Latino-americano de Educação a Distância em Ciências Sociais (PLED), Buenos Aires, Argentina, http://www.atilioboron.com

    O original encontra-se em http://alainet.org

    Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

    Agrava-se o extermínio de pobres em São Paulo





    Por Hugo R C Souza

    É uma velha lei do velho Estado semifeudal e semicolonial: incrementar a violência contra as classes populares para complementar, com derramamento de sangue, o agravamento das políticas anti-povo na esfera econômica. Agravamento este promovido sem a necessidade de maior concertação ou conspiração, mas invariavelmente observado em momentos de agudização da já longa crise estrutural do modo de produção capitalista, porque bater e matar é a única resposta, ou o único complemento, que o podre Estado e seus gerentes de turno sabem dar à precarização das condições de vida do povo geradas por suas próprias políticas de miséria.

    Exemplo disso é o aumento infame dos casos de assassinatos cometidos pela polícia militar do estado de São Paulo nos primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em janeiro, fevereiro e março de 2010, o número oficial dá conta de 146 pessoas mortas por policiais a tiros ou por espancamentos, 40% a mais do que os já inaceitáveis 109 mortos do primeiro trimestre de 2009. A fim de empurrar a culpa pelas mortes para os próprios mortos, os gerentes de turno, comandantes de batalhões e os mentirosos contumazes do monopólio da imprensa repetem, diante dos números, que houve aumento no número de óbitos de gente que entrou "em confrontos com a polícia".

    Estes "confrontos" alegados pela tropa de choque anti-povo costumam se dar como aquele que terminou com a morte do motoboy Alexandre Menezes dos Santos, ocorrido na madrugada do dia 8 de maio, um sábado. Alexandre, que tinha 25 anos de idade, foi abordado por policiais porque sua nova moto ainda estava sem placa. Os fardados estavam em uma viatura, e mandaram o rapaz parar. Ressabiado com a justa fama da PM, a de assassina, Alexandre percorreu mais 50 metros em baixa velocidade até a porta da sua casa, e então desceu, julgando estar em segurança. Foi quando quatro policias saíram do carro e o espancaram até a morte, na frente de sua mãe, que tentou socorrer o filho, mas para a qual um dos facínoras apontou uma arma e mandou que desse meia-volta.

    A mentira dos 'confrontos com a polícia'

    A companheira de Alexandre contou que ele iria emplacar a moto três dias depois de ser morto. Foi o terceiro caso de maior repercussão de um motoboy atacado sem qualquer motivo por policiais em São Paulo no intervalo de menos de um mês (não entram na conta os que são achacados e humilhados rotineiramente, e que não chegam a ganhar as manchetes). Em abril, um motoboy foi torturado e assassinado dentro de um quartel da PM, o mesmo quartel onde nove dias depois um outro motoboy foi espancado por policiais porque havia se envolvido em um acidente de trânsito.

    Em um esforço para justificar os crimes cometidos sob sua batuta, o comandante-geral da PM paulista, coronel Álvaro Camilo, disse que "os confrontos estão acontecendo com infratores da lei. Eles estão enfrentando um pouco mais a polícia, mas nada justifica as mortes". Como a máquina assassina da repressão funciona quase que automaticamente, acoplada às engrenagens reprodutoras da pobreza e da exploração, os comandos de turno da truculência do velho Estado sabem que não é preciso dar a ordem direta para que o trabalho sujo que lhes cabe seja feito — basta apenas a complacência para azeitar as engrenagens sanguinárias sob sua responsabilidade. Sendo assim, repetem impunemente a demagogia prevista no roteiro.

    Da mesma forma, a hipocrisia também é a regra da qual se valem os gerentes de turno quando interpelados pelas mortes. É assim que o governador de São Paulo, Alberto Goldman, tenta lavar as mãos, dizendo que pediu rigor nas investigações sobre os assassinatos de motoboys , e cacarejando que não vê ligação entre os crimes. A ligação é óbvia: o extermínio de fato de trabalhadores é o complemento previsível para a eliminação gradual dos seus direitos e garantias mínimas para viver com dignidade, o que é uma requisição do capital em crise. São duas nuances da mesma escalada fascista ora em curso.

    Protestos contra os 'excessos'

    Igualmente, o monopólio dos meios de comunicação, que ora se mostra agora escandalizado com a sucessão de casos notórios de violência gratuita contra o povo, também tem que responder pelos trabalhadores assassinados. Ora, os seus integrantes não se cansam de promover campanhas de difamação contra as classes populares, algumas das quais precisamente contra as "ameaças" representadas pelos motociclistas em geral, via de regra apresentados como virtuais assassinos e assaltantes. Como agora demagogicamente exigem explicações sobre os "excessos da polícia", se o seu papel é exatamente o de criar o clima, clamando por mais repressão e "ações enérgicas", para que o Estado institucionalize suas políticas de derramamento de sangue?

    Como podem os porta-vozes da reação demonstrar indignação, por exemplo, contra a chacina de seis moradores de rua que aconteceu no dia 11 de maio, uma terça-feira (mesmo dia em que a moto de Alexandre Menezes dos Santos seria emplacada), na Zona Norte de São Paulo, ao mesmo tempo em que suas emissoras de TV e jornalões vivem se esmerando na contra-propaganda do higienismo social, requisitando que as "autoridades" tomem providências para varrer os "mendigos" das ruas das grandes cidades?

    Só mesmo as massas perseguidas e precarizadas têm autoridade para exigir e fazer justiça — não a justiça do "Estado de Direito" burguês, mas a justiça revolucionária — contra os inimigos do povo. E dos seus inimigos o povo não irá esquecer quando chegar a hora.

    Leia também: Motoboy é torturado e assassinado pela PM

    Fonte: A nova democracia

    A morte no caminho da cana


    POR EGON DIONÍSIO HECK da Campanha Povo Guarani Grande Povo e do CIMI MS.

    Carlitos liga com voz embargada e indignada: "Mataram meu neto e jogaram que nem cachorro!". Calma, Carlitos, deixa entender o que aconteceu!
    "Meu neto Julio, de 16 anos, foi praticamente roubado para ser levado pelo cabeçante (o responsável por arregimentar um grupo de trabalhadores) para ir cortar cana. Ele foi com o documento do tio dele. Isso foi sábado de noite. Na madrugada recebi uma ligação do cabeçante dizendo que algo muito ruim tinha acontecido: meu neto Julio havia se jogado do ônibus e morrido. O corpo dele foi levado para Nioaque e depois para a terra indígena de Caarapó. Depois só chegou o corpo aqui para nós enterrarmos. Não deram explicação nenhuma. Isso não pode ficar assim. Morreu que nem um animal...".
    Diante da narrativa e insistente pedido de ajuda, vi, pois, que queria saber a verdade. Disse não acreditar que seu neto tivesse se jogado da janela do banheiro do ônibus que levava indígenas para trabalhar no corte de cana na usina Santa Olinda, distrito de Quebra Coco, município de Sidrolândia. Falou que o atestado de óbito constata isso, mas que ele achava impossível.
    Depois de tentar saber um pouco mais de detalhes, senti que ele estava inconformado, buscando ajuda para elucidar mais um crime dentre os inúmeros que continuarão muito provavelmente encobertos pela branca fumaça das usinas e o espesso véu da impunidade nos caminhos dos canaviais. Falei que iria comunicar ao nosso advogado, em quem a comunidade tem toda confiança, para que os ajudasse a ver que passos deveriam ser tomados no caso. Sugeri ainda que uma ajuda imediata poderia ser dada pelo Ministério Público Federal e, quem sabe, pela própria FUNAI.
    A morte, alegadamente suicídio, de Julio Gonçalves Rocha, Kaiowá Guarani, 16 anos, filho de Arnaldo Gonçalves Rocha e Macilene Benites, moradores na aldeia do Passo Piraju, talvez venha apenas engrossar a estatística de uma morte por homicídio, suicídio ou assassinato por semana.

    A cana não me engana
    Esse foi o nome de um seminário promovido pelos movimentos sociais em Campo Grande, há poucos anos, diante da euforia do expansionismo da indústria sucroalcooleira no Mato Grosso do Sul e no Brasil. Anunciava-se entusiasticamente o céu do desenvolvimento sem sequer passar pelo purgatório.
    O doce carro-chefe do etanol tinha na direção o governador do estado e, como entusiasta-agenciador, o próprio presidente da República. Falava-se nas 60 usinas que estariam explodindo em meio ao verde mar da cana. Era a festa excitada do grande capital multinacional.
    Pequenos obstáculos, como a demarcação das terras dos Kiaowá Guarani, em cujas terras tradicionais várias dessas usinas estavam se implantando, não representavam maiores preocupações, pois o próprio governo do estado e os poderosos tentáculos do agronegócio cuidariam disso.
    Além disso, já se previa o fim anunciado do extenuante e semi-escravo trabalho do plantio e corte da cana por indígenas, nordestinos e caboclos da região. Potentes máquinas, cada uma dispensando de 80 a 100 trabalhadores, entrariam em campo para fazer o seu gol, aplaudidas pelos "heróicos" senhores do agronegócio.
    Tudo indicava um céu de brigadeiro. Finalmente o Mato Grosso do Sul estaria no rumo do desenvolvimento. À beira das estradas, nos canaviais e nas aldeias continuam sendo plantadas as cruzes de Julio, de João e Maria. É o preço amargo do açúcar e do etanol.
    Egon Heck é coordenador do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) no Mato Grosso do Sul.
    Fonte: CEGeT - Unesp Presidente Prudente e CTP

    segunda-feira, 28 de junho de 2010

    De olhos bem abertos. A Grécia dá o exemplo


    Por Gil Garcia
    A situação política e económica grega está de tal modo interligada à situação de toda a Europa (desde logo ao espaço da actual União Europeia) que da dinâmica do conflito aberto no seio da nação que "fundou" o mundo ocidental resultará o destino de todos, pelo menos a curto e a médio prazo. E porquê?
    A ofensiva do mundo dos negócios, da especulação financeira, da burguesia grega e europeia (principalmente francesa e alemã) sobre as dívidas internas e externas dos chamados PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha) resultou em violentos planos de austeridade, agora conhecidos por PECs. Ou seja, trocado por miúdos. Nos EUA rebentou uma mal classificada crise financeira que rapidamente se transformou numa crise económica e que velozmente se alastrou a todo o mundo, incluindo a Europa. Resultado? Os poderosos do globo colocaram os orçamentos dos estados nacionais (os tais Estados que diziam que estavam a atrapalhar a economia) a pagarem as crises do capitalismo moderno.
    Em Portugal, por exemplo, durante anos foi-nos vendida a ideia que não haveria dinheiro para aumentar os magros salários dos nossos funcionários públicos (onde se incluíam os professores), mas sempre houve 4.000 milhões de euros para acudir a um banco privado, o BPN que era conhecido por banco laranja, tal a conotação partidária a que estava ligado. O roubo foi deles mas a conta pagamos nós. Na Grécia, algo semelhante se passa com uma diferença: primeiro a sua juventude (2008) e depois a larga maioria do povo resolveu ser actor ou protagonista do seu próprio destino e entrou em cena. Tal como o povo português o fez há 36 anos com a revolução portuguesa de Abril de1974.
    Não dizemos que a situação grega seja idêntica à revolução portuguesa, mas convenhamos que não é "normal" um país assistir à convocação e concretização de 5 greves gerais e de enormes (e em alguns casos, a 5 de Maio, de gigantescas) manifestações de rua.
    Quando o autor destas linhas aterrou em Atenas e pôde assistir e participar em várias reuniões e actos públicos da esquerda grega notou que é (ainda) "normal" na Grécia o ensino público ser completamente gratuito, um luxo a que os portugueses pagam a 900 euros/ano. E com refeições completamente gratuitas nas cantinas para todos os estudantes. Lá é "normal" as manifestações acompanharem as greves gerais, e começam logo pela manhã cedo. Em Portugal ainda se convocam manifestações (a do dia 29 de Maio) para sábados e na parte da tarde.
    A última greve geral convocada em Portugal, em Maio de 2007, não só não foi geral como não contou com nenhuma manifestação de massas a suportá-la nas ruas. E tudo isto porque os seus responsáveis cá o não quiseram. A direcção da CGTP é merecedora do nosso aplauso quando convoca as manifestações como a do dia 29, em que participámos activamente, mas é igualmente merecedora de crítica (ninguém está nunca isento de crítica) quando escolhe os timings errados, como foi o caso em 2007.
    Agora voltamos ao mesmo: Portugal está ou não amadurecido para a convocação de uma greve geral? Cremos que sim. Inúmeras lutas e protestos se têm destacado desde o início deste ano e as actuais medidas de saque aos salários de quem trabalha torna urgente um forte protesto nacional.
    Tamanho da fonte
    Na Grécia, a dinâmica dos protestos aponta no sentido de ainda estar longe de recuos. É certo que a última manifestação de massas (a que ocorreu durante a greve geral do dia 20 de Maio) foi bem menor (calcula-se que perto de 85.000 manifestantes) que a do dia 5 de Maio, em que estiveram 350.000 pessoas. Mas atente-se a que foram duas greves gerais num espaço de quinze dias. E, no essencial, a população trabalhadora parou mesmo o fundamental da vida nas cidades.
    Só em Atenas pudemos testemunhar que não circulou um só autocarro, nem um só metropolitano, e os transportes são sempre um bom indicador da adesão dos trabalhadores, da sua combatividade e da simpatia do coração da classe trabalhadora à decisão de convocar um greve geral. Podemos discutir se a situação grega já vive uma conjuntura ou etapa pré-revolucionária ou se já esteve ao bordo até de crises deste tipo, como as vividas no verão quente de 1975, em Portugal. Mas o que é inegável é que está longe de se normalizar a situação grega. E se os trabalhadores gregos e a sua juventude persistirem em manter em alta temperatura a resposta às mediadas de assalto aos salários de quem trabalha para pagar crises é porque toda a Europa estará sobre a influência de tão importante processo político.
    Fonte:http://www.diarioliberdade.org

    Projeto CICAS (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social)



    Alguém consegue entender os Demotucanos de São Paulo?...
    É um absurdo atrás do outro!!...
    Quem está atento só percebe arbitrariedades e ataques violentos à população....
    Alguns com motivos claros e persversamente maquiavélicos, como o represamento provocado pelo Governo, tendo a Prefeitura como testa de ferro, que deixou a população da Várzea do Tietê debaixo do ESGOTO por 60 dias, ao fecharem a barragem da Penha e abrindo a de Mogi na época das chuvas, com a clara finalidade de expulsa-las mais rapidamente para a construção do Parque Linear Varzea Tiete sem dialogar com a população e fazer uma politica habitacional decente. http://videolog.uol.com.br/video.php?id=509674
    http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/12/17/ult5772u6678.jhtm
    Até aí nenhuma novidade, todo mundo sabe que se governa para as empreiteiras, para a especulação imobiliária, e para as grandes fortunas que a burguesia arrecadará nas obras de infra-estrutura para a Copa do Mundo, enquanto a Miséria SA deverá ser jogada para debaixo do tapete. Mas o que lerão abaixo, tenho que confessar que fiquei sem entender....To começando achar que além da mediocridade de governar ao estilo homem de negócios(o que já é super-violento) o Kassab, ventríloquo do Serra, tá querendo piorar ainda mais dando uma de nobre feudal, duce, ou fuher, e fazendo qq coisa que lhe apraz independentemente da lei e somente para satisfazer o seu bel-prazer. Incrível! Estaríamos passando da violência racional, pragmática e sistemática do capitalismo para uma violência mais emotiva e afetada típica dos fascismos ou dos senhores feudais?.....É de se pensar!

    Assinem e divulguem!
    Daniel Benigni

    DIVULGUEM e assinem a petição.

    http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6236

    Pra quem vem acompanhando o trabalho dessas pessoas, artistas, ativistas sociais e moradores, pode senti a imensa dor e indignação que essa ação da subprefeitura causou a todos os envolvidos no projeto CICAS (Centro Independente de Cultura Alternativa e Social).

    O espaço era abandonado, e utilizado como ponto de prostituição e uso de drogas, por iniciativa de artistas locais o espaço começou a ser utilizado e revitalizado, quando no lugar nem sequer havia iluminação. Com a entrada e colaboração do coletivo Sinfonia de Cães o local passou a ter programações culturais, e assim vem se revitalizando e promovendo cultura nessa comunidade carente desde 2007.

    Agora a ação de despejo de subprefeitura.

    O DESPEJO SEM ORDEM

    Na sexta-feira, 11/06/2010, durante plena atividade, as pessoas que se encontravam no CICAS e todos os móveis e equipamentos do espaço foram removidos a força. Fomos despejados do CICAS através de uma ação indevida e violenta da subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, apoiados pela polícia militar e a polícia civil metropolitana, agindo sem mandado de despejo ou qualquer outro tipo de documento.

    Desde a primeira abordagem verbal, ontem, 10/06/2010 às 10h da manhã, sobre a iminente "demolição" do CICAS, nós aguardamos um novo contato do Sr. Joel Bonfim, assessor da subprefeitura de Vila Maria/Vila Guilherme, que segundo o chefe de gabinete desta mesma subprefeitura, Sr. José Carlos Romero, em conversa pessoalmente conosco, Roger Duran e Renato Gimenez, representantes oficiais do espaço, o assessor iria nos visitar no dia seguinte para uma vistoria com o engenheiro responsável pelo projeto de revitalização da praça e construção de uma UBS - Unidade Básica de Saúde. A palavra simplesmente não foi cumprida, tampouco o ofício foi respondido após 24 dias. A subprefeitura parece agir de forma arbitrária, sem notificação prévia, sem identificação oficial de funcionários e sem apresentação de documentação de apoio, oprimindo a força as pessoas localizadas no espaço a se retirarem, seguidas de ameaças de prisão, além da depredação de todo o patrimônio do CICAS, retirado no completo descaso por uma equipe mal educada e totalmente despreparada.

    Tudo que havia no CICAS foi removido para a garagem dos cães, próxima à região, com um caminhão e uma caminhonete, ambos da subprefeitura.

    O conflito poderia ter sido evitado se a subprefeitura tivesse se dirigido até o local e ao menos buscado obter o mínimo de conhecimento do trabalho que vem sendo realizado naquele lugar nos últimos 3 anos, que está incluso em publicações oficiais como a do programa VAI, o guia de saraus da cidade, e até mesmo eventos, como o que aconteceu dia, 12/06/2010, promovido pela Secretaria do Verde e Meio Ambiente e por esta mesma subprefeitura que atenta contra a existência do espaço, como encerramento das atividades da agenda 21 para a semana do meio ambiente.

    Há três anos, desde o início das atividades do CICAS, estamos promovendo uma mudança no panorama cultural da zona norte, junto a iniciativas da Brasilândia, Perus, Freguesia do Ó, Cachoeirinha e Pirituba. Somos reconhecidos como pólo cultural da Zona Norte pela secretaria municipal de cultura e agora a subprefeitura declara que desconhecia nossa existência.

    Conseguimos realizar a reunião com a subprefeitura, de acordo com a cobertura a seguir, pela jornalista Ruth Alexandre de Paulo Manto, retirado do site Falapovo.com.

    Portanto, o CICAS ESTÁ EM PLENA ATIVIDADE e precisa mais do que nunca da força de todos os artistas e freqüentadores do espaço, para intensificar ao máximo as atividades, enquanto corremos contra o tempo em busca da regularização junto às autoridades.

    Enviem as idéias de programação para: projeto.cicas@gmail.com

    14/06/2010 - A DEMOLIÇÃO ESTÁ SUSPENSA TRÉGUA PARA TRABALHO SOCIAL NA ZONA NORTE

    “Terminou com alguns encaminhamentos importantes o encontro, entre a comunidade e representantes da Sub-prefeitura Vila Maria/Vila Guilherme, para buscar uma solução para o trabalho social desenvolvido pelo Centro Independente de Cultura Alternativa e Social e a determinação da prefeitura de demolir o galpão onde o trabalho é realizado para ampliar a praça.

    O falapovo.com acompanhou a reunião que durou aproximadamente uma hora e meia, na tarde de segunda-feira, 14, e contou com a presença de representantes do CICAS, assessores parlamentares da Câmara e da ALESP, moradores da COHAB Fernaão Dias, o subprefeito em exercício, José Carlos Romero (Antonio Perosa está em férias), e assessores.

    A demolição está suspensa e o trabalho será retomado até que haja definição Judicial sobre a questão. A notificação foi assinada hoje e os responsáveis pelo CICAS terão 15 dias para fazer a defesa.

    Neste período serão feitas reuniões entre as partes para avaliar o trabalho desenvolvido e estudar a parceria. Também o grupo terá assessoria jurídica dos assessores parlamentares para atender a burocracia necessária.

    Simultaneamente será aberto processo na Secretaria Municipal dos Negócios Jurídicos pedindo permissão para uso da área.

    Hoje pela manhã as máquinas da prefeitura foram até o local para colocar os galpões abaixo, mas com a pressão da presença da comunidade e da imprensa o trabalho não foi realizado e teve tempo para o acordo.

    DIVULGUEM e assinem a petição.

    http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/6236

    Site do Projeto

    http://projetocicas.blogspot.com/


    Terras brasileiras em mãos estrangeiras


    Por Hugo Marques e Ibiapaba Netto

    Aumenta a compra de áreas produtivas por investidores do Exterior, mas Lula pretende controlar a entrada deste capital

    O crescimento acelerado da economia brasileira trouxe à tona uma estatística que chamou a atenção do governo. Os números mostram que o setor agrícola do País tornou-se um polo de atração de investidores estrangeiros, especialmente os interessados em adquirir grandes áreas cultiváveis. De janeiro a abril, o ingresso de investimentos vindos do Exterior em agricultura, pecuária e produção florestal atingiu R$ 234 milhões, um aumento de 118% em relação ao mesmo período do ano passado. No Piauí, um dos Estados que mais recebem capital externo, as terras tiveram valorização de 70% em três anos. Preocupado com o ritmo desses investimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu, na segunda-feira 7, impor novas restrições à compra de terras por cidadãos estrangeiros. “Vamos endurecer essa legislação”, disse Lula a um ministro. No mesmo dia, ao lançar o Plano Safra 2010/2011, o presidente voltou a tocar no assunto: “Uma coisa é comprar uma usina, comprar uma fábrica; outra é comprar terra. Daqui a pouco vamos ficar com um território diminuto.”

    A preocupação de Lula com a internacionalização de parte do território cresceu quando ele viu relatórios da Abin sobre a extensão das terras adquiridas pelo norte-coreano Sun Myung Moon, o reverendo Moon, em Mato Grosso e no Paraguai, criando uma espécie de zona neutra na fronteira. Outro levantamento é sobre os negócios do sueco Johan Eliasch, proprietário de 160 mil hectares na Amazônia, uma parcela em parque estadual, utilizados para especular com créditos de carbono no Exterior. Diante deste movimento, Lula deve assinar um parecer da Consultoria-Geral da União, restringindo a compra de terras por estrangeiros. Este documento só não foi assinado em 2008 porque o governo tentava contornar os efeitos da crise internacional e não queria inibir a entrada de dólares. “Com a crise internacional, o governo ficou receoso de afugentar o capital estrangeiro”, diz uma autoridade federal. Antes de ser enviado ao presidente, o parecer deve ser apreciado pela Advocacia-Geral da União nas próximas semanas.

    A regra restabelece artigos da Lei 5.709, de 1971, que impõe restrições para que estrangeiros adquiram terras. Assim, a compra de imóvel rural não poderá superar 50 módulos rurais. O módulo é o tamanho mínimo da propriedade, suficiente para garantir o sustento do agricultor e varia de tamanho em cada Estado. O maior módulo rural do País é o de Mato Grosso, com 100 hectares. Nos loteamentos rurais feitos por empresas, pelo menos 30% da área terá de ser destinada a brasileiros. As vendas para pessoas físicas e empresas estrangeiras terão de ser feitas exclusivamente por escritura pública, registrada em livros específicos dos cartórios, e ser informadas às corregedorias de Justiça nos Estados. Nas fronteiras, a compra de terra deverá passar por aprovação do Conselho de Segurança Nacional. Essas regras começaram a ser alteradas em 1994, mas o governo acabou perdendo totalmente o controle sobre terras vendidas a estrangeiros. O Incra calcula em 4,3 milhões de hectares as terras em mãos de estrangeiros, mas são dados declarados, que não incluem muitas empresas com capital externo nem terras em nome de laranjas.


    FARTURA

    Entre janeiro e abril, R$ 234 milhões vindos

    de fora do País foram aplicados no setor rural

    Os investidores estrangeiros não receberam bem as eventuais medidas para restringir o comércio de terras no Brasil. “O governo tem ferramentas para controlar o uso da terra”, diz Gustavo Grobocopatel, rei da soja na Argentina, que está alugando 80 mil hectares no Brasil este ano pela empresa Ceagro, de seu grupo Los Grobo. “O Brasil será o grande fornecedor de alimentos para o mundo e é natural que muita gente queira investir aqui.” Os americanos Scot e Thomas Shanks, que compraram dez mil hectares em Luís Eduardo Magalhães (BA), a “Califórnia brasileira”, também não veem motivos para limitar a produção. “O Brasil é a nova fronteira para quem deseja produzir. A infraestrutura aqui é muito ruim, mas as terras são baratas e o custo de produção muito menor, se comparado ao dos Estados Unidos”, sentencia Scot Shanks.


    NOVA CALIFÓRNIA

    Os americanos Scot e Thomas Shanks são donos de dez mil hectares no Cerrado baiano

    Outro estrangeiro que se encantou pela Bahia e não quer arredar pé do Brasil é o irlandês Clive Weir. No mesmo município de Luís Eduardo Magalhães, Weir também comprou dez mil hectares para cultivar grãos. No Reino Unido, ele tirava o sustento do cultivo de batatas, cada vez menos lucrativo, afirma, por causa da diminuição dos subsídios. Cuidadoso com as palavras, ele conta que desembarcou na Bahia com toda a família: “Temos muito respeito pelo Brasil e não desejamos tomar nada. Apenas queremos alimentar o nosso país.” Para o governo, no entanto, não estão claras as participações de estrangeiros em várias propriedades de grande porte. Em Minas Gerais, no município de Unaí, a maior fazenda do Estado, a Agroreservas, soma 44 mil hectares e, embora registrada como empresa brasileira, é administrada por americanos. Muitos executivos que trabalham para grandes empresas rurais também são contra a mudança na legislação. “Não há invasão de estrangeiros. Os números são exagerados, não é a realidade”, afirma o paulista Harald Brunckhorst, da Calyx Agro Brasil, que recebeu investimentos da multinacional francesa Louis Dreyfus. “Uma boa parte dos franceses já casou com brasileiras ou já faleceu aqui no Brasil”, diz Brunckhorst.

    Filme - Povos do Xingu contra a construção de Belo Mont

    Cenas gravadas na Aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto/Jarina, entre os dias 28 de outubro e 4 de novembro de 2009. Nesse período, os ministros do Meio Ambiente e Minas e Energia foram convidados a ir ao Xingu para discutir os impactos da obra de construção da usina de Belo Monte na região. Se concretizado, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo e vai causar impacto mais de 9 milhões de hectares de floresta, uma área equivalente a duas vezes a cidade do Rio.


    500 prisões nos protestos contra o G20




    Milhares de manifestantes dos movimentos sociais foram violentamente reprimidos pela polícia a poucos quarteirões do lugar onde se reunia a cimeira do G20 – os vinte países mais ricos do planeta – no centro da cidade de Toronto, Canadá.

    Manifestação em Toronto. Foto de iwasaround, FlickR

    A polícia afirma que só agiu em resposta aos ataques violentos de manifestantes do chamado Black Block, mas Bill Blair, o chefe da polícia, reconheceu que as forças policiais tiveram de controlar os quase dez mil manifestantes. Um vídeo mostra que a polícia usou bastões e sprays de pimenta para afastar manifestantes que estavam sentados no chão.

    Entre os detidos estava um jornalista colaborador do diário britânico Guardian, Jesse Rosenfeld.

    Os protestos foram organizados por sindicatos e movimentos sociais em protesto contra as medidas adoptadas na cimeira, que “só favorecem os ricos”.

    Apesar das promessas de redução dos défices e de austeridade por parte dos governos, não faltou dinheiro para montar o dispositivo de segurança em tono da cimeira. O Canadá gastou mil milhões de dólares canadianos e mobilizou 19 mil polícias para a segurança do evento.

    Merkel: redução de défice para metade

    Ainda antes da conclusão da cimeira, a chanceler Angela Merkel disse que os países do G20 vão cortar o défice pela metade até 2013. "Isto constará do documento final", afirmou à imprensa a chefe do governo alemão.

    Os Estados Unidos e os chamados países emergentes defenderam a manutenção de certas medidas de estímulo, enquanto a Europa considerava que é momento da austeridade fiscal. As declarações de Merkel apontam para uma possível fórmula intermediária.

    Criado em 1999, o G20 integra os sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha), as economias emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia) e a União Europeia.


    Veja a violência policial contra os manifestantes nesses vídeos







    Fonte: Mecanópolis e Blog do Capacete